quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Curral Grande: Espetáculo de conclusão do Curso de Arte Dramática da UFC. Baseado no texto homônico de Marcos Barbosa. Direção: João Andrade Joca. Nos anos 30 do século 20, o Ceará instala campos de concentração de retirantes (migrantes da seca), conhecidos como currais do governo. Todas as sextas de outubro às 19h na Sala de Teatro/Cena (anexo TJA)R$ 1(estudante) e r$ 2.
A respeito do espetáculo nas palavras de João Andrade Joca:
Arte[in]Divulgação: Pensando na função social que o artista pode desenvolver e promover algum tipo de mudança interior ou exterior no público, apresentar-lhes uma forma de conhecer a sua história se faz necessário, em que a temática exposta no espetáculo me fez ter vontade de estudar mais sobre a história do meu lugar. Como se eu tomasse mais conhecimento ou uma reflexão do meu papel como cidadã cearense. No caso, essa escolha se deu por qual ou quais motivos? Que tipo de reflexão (ões) ou cultucamento (os) gostariam de promover na platéia visto um tema tão próximo a nós mais ao mesmo tempo distante?
João Andrade Joca: O PROFESSOR DE HISTÓRIA DO TEATRO, DO CAD, RICARDO GUILHERME, SUGERIU A LEITURA DE UM LIVRO DO ESCRITOR CEARENSE LIRA NETO, "O PODER E A PESTE" QUE TEM COMO PERSONAGEM CENTRAL RODOLFO TEÓFILO. A PARTIR DESSA LEITURA VIMOS A POSSIBILIDADE DE CRIAR UM ESPETÁCULO COM A TEMÁTICA DOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO, SABÍAMOS TAMBÉM DA EXISTENCIA DO TEXTO DO MARCOS BARBOSA, EU MESMO JÁ HAVIA LIDO COM OS ALUNOS DO CEFET. ENTÃO DECIDIMOS QUE SERIA UMA ESCOLHA ´PRÁTICA E FAVORÁVEL ESCOLHER O TEXTO CURRAL GRANDE POR CONTEMPLAR NOSSO, DIGO ALUNOS E PROFESSORES, DESEJO DE MONTAR ALGO QUE FOSSE REVELADOR, PROVOCANTE, QUESTIONADOR E HISTÓRICO. POR SE TRATAR DE UMA TURMA DE CURSO DE TEATRO, PODERÍAMOS INVESTIGAR ESTRUTURAS ESTÉTICAS QUE, MESMO FALANDO DE ALGO ACONTECIDO NO PASSADO, PODESSE SER PROJETADO PARA O PRESENTE E FUTURO, DAÍ A OPÇÃO PELA CONCEPÇÃO EM QUE O ATOR É O PRINCIPAL AGENTE DA AÇAO.
Arte[in]Divulgação: Como percebe a problemática dos campos de concentração que houveram aqui no Ceará antes mesmo dos que houveram fora do país?
João Andrade Joca:POIS É, ISSO ACONTECEU DEVIDO A FALTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS PARA OS POBRES. AS CLASSES DOMINANTES SEMPRE PRIVILEGIAM SEUS PROJETOS DEIXANDO A MERCE DA SORTE A POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA. EXPLORAM A MÃO DE OBRA DOS MISERÁVEIS E OS EXCLUEM QUANDO NÃO SÃO PRODUTIVOS NEM CONSUMIDORES.
Arte[in]Divulgação: Tendo observado uma construção bastante coletiva no espetáculo, como se deu o desenvolvimento da temática exposta dentro da concepção cênica escolhida?
João Andrade Joca: MUITO EXERCICIO DE CRIAÇÃO, DEBATES, EXPERIMENTOS, LEITURAS, PALESTRAS E COMO JÁ DISSE, O INTERESSE EM PROVOCAR NO ESPECTADOR O ESTRANHAMENTO DIANTE DA TEMÁTICA E DA CONCEPÇÃO QUE TENTA INVESTIGAR O ÉPICO, COM A PRESENÇA DO CORO E A NARRATIVA DA CENA SEM A 'QUARTA PAREDE'.
Arte[in]Divulgação: Pensando-se nesta concepção, é perceptível um diálogo fluente de uma quebra entre as cenas, em que é mostrada uma estética voltada ao expressionismo e uma outra que volta-se ao minimalismo, ao interno e foge do expressionismo como potência estética. Qual a intenção com essa variedade provocativa visual ao espectador? Foi algo pensado de forma natural e estrutural no sentindo de um visual que não ficasse totalmente carregado e pesado?
João Andrade Joca: É ISSO, NÃO OPTAMOS POR UMA SÓ ESTÉTICA, TENTAMOS NOS APROPRIAR DO QUE CONHECEMOS COM O DESEJO DE QUE OS ESPECTADORES, A PARTIR DE SUAS VIVENCIAS, FAÇAM SUA PRÓPRIA LEITURA, DECODIFICANDO E NOMINADO DE ACORDO COM SUA CAPACIDADE DE DECIFRAR OS ELEMENTOS DA ENCENAÇÃO. TUDO É PROCESSO. CLARO QUE TÍNHAMOS COMO OBJETIVO CONSTRUIR ALGO QUE CONTEMPLASSE NOSSOS GOSTOS ESTÉTICOS. NA MEDIDA QUE IAMOS EXPERIMENTENDO FORMAS, IAMOS TAMBÉM CONCEITUANDO E REDEFININDO NOSSOS OBJETIVOS.
Arte[in]Divulgação: Por fim, o diálogo com o conceito de Tragédia e com os princípios estéticos do Teatro Épico apresentados de forma contemporânea, mostra uma utilização manual, usual e visual do ator como um todo no espetáculo e nos faz referência a este como motor-base da estrutura no trabalho, que se apóia e prima por uma composição gestual corporal chegando à construção de uma estética teatral com despojamento cênico surpreendente. Essa forma de utilização e de realização do repertório do ator como instrumento-base propõe uma intenção de confrontar o ilusório-real que o teatro promove com o fingimento dos atores, no sentido de mostrar ao público que algo ali é para ser refletido e não tanto catártico em que necessariamente há a quebra da quarta parede?
João Andrade Joca: SIM. O QUE VOCÊ AFIRMA FOI ALGO PRETENDIDO, FOI ESCOLHA NOSSA, SUA PERCEPÇÃO ESCRITA AQUI EXPOSTA, RELEVA O QUE JÁ DISSE, CADA ESPECTADOR FAZ A LEITURA DO ESPETÁCULO DE ACORDO COM SUA CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO E CONHECIMENTO DO TEATRO.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

OUTUBRO:

(O Grito-Edward Munch)

"Querido,
Tenho certeza de estar ficando louca novamente. Sinto que não conseguiremos passar por novos tempos difíceis. E não quero revivê-los. Começo a escutar vozes e não consigo me concentrar. Portanto, estou fazendo o que me parece ser o melhor a se fazer. Você me deu muitas possibilidades de ser feliz. Você esteve presente como nenhum outro. Não creio que duas pessoas possam ser felizes convivendo com esta doença terrível. Não posso mais lutar. Sei que estarei tirando um peso de suas costas, pois, sem mim, você poderá trabalhar. E você vai, eu sei. Você vê, não consigo sequer escrever. Nem ler. Enfim, o que quero dizer é que depositei em você toda minha felicidade. Você sempre foi paciente comigo e incrivelmente bom. Eu queria dizer isto - todos sabem. Se alguém pudesse me salvar, este alguém seria você. Tudo se foi para mim mas o que ficará é a certeza da sua bondade. Não posso atrapalhar sua vida. Não mais.
Não acredito que duas pessoas poderiam ter sido tão felizes quanto nós fomos.''
(Carta de suicídio de Viginia Woolf à Leonard Woolf)

*Revi AS HORAS. Sem muita cabeça para redigir sobre. Só que a gente pode ser remetido um pouquinho ao universo de Virginia...sombrio, denso. Quero ler algo dela. Ou ''algos''.
Não é um filme que eu tenha amado, mas acho ele curioso. A forma de construção das ligações de uma história com a outra. Ele me instiga ou me intriga e ao mesmo tempo me paralisa...é, acho que fico meio estática, meio sem saber o que pensar com ele. Sem muito sentir também.
*Assistam ou revejam O CANTIL E CURRAL GRANDE, espetáculos que voltam este mês em cartaz. Maiores informações nos links do Dragão do Mar e José De Alencar, aí do lado.
E a foto me alude ao CURRAL...expressionismo. Dentro e Fora...
De alguma forma esses dois espetáculos me remetem a um universo distante, que me paralisa mas não me cega diante da beleza exposta.

domingo, 7 de setembro de 2008

Curral Grande: se eu pudesse descrever em poucas palavras o espetáculo seriam “quadros expressionistas”, mas ainda não consigo perceber muito a atmosfera a qual fui remetida. Foi também tudo tão minimalista aos meus olhos: o figurino, os movimentos, etc...porém claros e precisos. Nem tive vontade de chorar e também não refleti, talvez tenha me atentado mais a estética, ao trabalho corporal. Foi tudo tão simples mesmo no exagero e bonito...aquela coisa de sentir de uma forma diferente, sem explicação. Tinha expressões tão lindas e marcantes como à das meninas que representam a outra sendo estuprada, a imagem católica se desmanchando e também a marcação de mudança de uma cena para outra me pareceu como aqueles animais, os bois que ficam rodando nos moinhos, ou a própria imagem de um campo de concentração.
Este foi um dos poucos espetáculos ao qual eu observei muito pouco o que pode ser melhorado, o que falta...acho que estou assim absolvida por este universo que me chamou muito para uma vontade de desenvolver algo nesta concepção.
Eu já havia sabido nas aulas de história sobre os currais do governo, mas ainda não tinha parado para pesquisar mais a fundo, então acho que este resgate do grupo a temática foi importante em um sentido de apropriar-se como cidadão nordestino, cearense a respeito de nossa história e, que o sofrimento do nosso povo não se aplica somente a questão da seca, apesar de também fazer parte do contexto.
Além do quê, é perceptível a unidade e a coletividade neste trabalho, o que dá gosto de ver pensando que teatro é isso, todos colocando a mão na massa para que este trabalho tão artesanal se desenvolva com qualidade, esmero...e magia. Eu faço minhas as palavras de um amigo: “ele me chegou completo”!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Os Olhos De Bette Davis: nunca havia ouvido falar sobre ela, sobre sua história. Tive a surpresa não esperada de ver enfocado ali não uma biografia desta mulher, mas sim um laço desestruturado e importante com o filho, também temperamental e artista diga-se de passagem. Claro, os olhos dela que veêm de certa forma, assim ou assado...não, a forma dele sentir, dele perceber tudo, dele viver naquele instante fatídico um repensar e renovar-se de sentimentos perante a vida, a sua mãe. E isso faz a gente ao menos pensar um pouco também...algumas das frazes ali nas discussões soaram-me familiar (risadas). O que mais me chamou a atenção foi o texto saboreado, ao menos pelo filho...as nuances, as intenções...aquele jeito que me lembrou Cazuza, um meninão de idade sei lá das quantas, o humor negro ou ácido mesmo que refinado...apesar de a construção a respeito de sua homossexualidade ter me parecido um tanto caricatural e até mesmo porque na transição de quando a doença o corrói, descontroi bruscamente aquilo dali...opostos bem estruturados sim, mas e o meio termo? Ou vai ver nem precise. Precisa? Já é a segunda vez que eu vejo a atriz que fez Bette atuar e novamente gostei. Percebi uma Bette ali ou uma mulher forte, a frente de seu tempo. Gostaria de ter visto mais exploração quanto aos planos e penso que a relação das irmãs, na mágoa do passado poderia ter sido mais evidenciada, nessa relação de competitividade, está muito apazigado e mesmo depois de anos de fatos ocorridos, naquele momento é o ápice de tudo ou não? Até o momento da última entrada de Lúcio Leonn, o ritmo e energia estão maravilhosos, mas depois fica linear até o momento da morte do doente, que aí sim, revive-se a emoção. Falando de Lúcio, achei o mais lúdico, o mais belo suas entradas, sua construção de personagem, personagem que horas me remetia a talvez o próprio doente mais jovial, ou seja, o seu espírito interior de artista que vêm a sua ajuda, mas que depois percebi ser Téo, não é? Mas o interessante são as possibilidades. Na sua dança, para mim poderia ter tido um pouco menos de pulos e mais movimentações suavizadas...mas as pequenas (no sentido de repentinas aos momentos) possibilidades que ele construiu foram interessantes e passava o poético daquele encontro...que me fez soltar lágrima quando ele acompanha o doente tentando dançar, tentando não fazer com que a arte morra nele e ela não morre não. Drama que bateu leve...

domingo, 17 de agosto de 2008

Eu roxo: vermelho, rosa, amarelo, azul...vários eu´s de cores, de uma cor só ou de muitas? Acho que nenhuma cor cabe ali, porque mesmo com os corpos dançando dos meninos, o que vi ali me remete a evaporação ou a algo o mais distante possível de materialização de um ser...talvez pelo ambiente (a calçada, o sol, a chuva como presente e as bolinhas de sabão ou talvez nem seja por nada de nada). Essa intitulação ao espetáculo intimista e subjetivista, sendo dois bailarinos num mesmo espaço pode acentuar as diferenças, o distanciamento, o ''dois bicudos não se beijam'' ou de ali existir uma mesma energia, como se os dois fossem um só. Fica meio desapercebido ainda o que realmente é aquilo ali, que intenções estão presentes, é meio longe, meio para se olhar e ir num ritmo meio como que ao sabor do vento ou ao acompanhamento das bolinhas, o que torna poético e suave o olhar-se...observação de corpos em movimento desapegados de algum conceito entendível ou como diria Lispector: '' - não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não, quero uma verdade inventada. "

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Da paixão sobre borboletas : ''din gon gin gon gon gon gon...'' Primeiro que essa música linda não me sai da cabeça e segundo que a entrega à personagem, a transmutação de ator-narrador para ''cria'' e a carga emotiva do qual Murilo Ramos demonstra ter desenvolvido é belíssimo. O que mais me agradou não foi nem a história em si, mas a personagem: porque o drama vivido ali já é um tanto comum ou natural em relações, mas o interno expelido para fora é o que mais me chamou a atenção. Dentro daquele espaço ''fitiado'' não me pareceu um lugar, mesmo que pudesse remeter a hospício, ou apartamento e sim ao íntimo da personagem, como se houvesse uma escavação ali, e tudo tão passional, tão fogo, tão calor...essa sensação foi a que eu senti bastante: a de ser aquecida, mesmo que pelo drama ali e muitas das vezes a agonia, os gritos dele me incomodavam. A relação com as borboletas (puxado para um poético ali, ri de tão bonito de se ver) era tão plácida, tão volátil, tão meiga, tão afagadora e tive vontade de afagar aquele ser ali, quando se senta no chão e fica viajando, e começa a buscar em si as borboletas, suas únicas companheiras? Uma forma de diminuir o vazio, a solidão? Saí leve...penso que tive uma catarse mesmo que não a expressando externamente, mas no meu interno foi como se houvesse sido lavado dentro de mim agonias aparentes ou parecidas e trasformadas naquele palco ali. Que bela loucura...loucura? Loucura do quê meu bem, de amar com todas as forças que chega até a rasgar o peito de tanto não aguentar a falta do outro? Ah, vá para puta que pariu seu André! Adorei o jogo de palavras soltas e diretas no final e será que uma luz vermelha no início das entradas, chegadas e movimentações corporais do personagem dentro da fita ficaria interessante? Independente de qualquer luz, o vermelho é presente ali...seja de paixão, seja de morte.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Umbandangandãns: meu deus, que imensidão de poesia, vivacidade e roupante de um vermelho aqui dentro do peito! O solo de Paulo é lindo e vasto, intrínseco ao universo da paixão, da ''manifestação afro'', do rebuscado do rebuscado do rebuscado do que quer gritar-se e não mais ter apunhalado, acovardado em si emoções tão fortes e com um texto subliminar, pessoal, do âmago. A musiquinha inicial eu já adorei, mas me irritou pessoas do lado rindo. A movimentação corporal dele depois da musiquinha inicial é tão marcante: algo teso, des/construção, animalesco, grotesco...parecia que havia fios puxando as partes movimentadas. Que voz suave e forte. Inquietei-me quando já com a saia ele vai andando em círculo. Quando a entidade vêm a tona fiquei pensando de que a mulher deveria estar mais clara na voz e no corpo, mas me veio de que é uma mistura do masculino com o feminino. Um amigo comentou de que a saia seria uma metáfora da representação da mulher que ele perde? Ah, quando há a música e ele fala as falas da música num tom contrário a forma cantada...agressivo, desgastado, e olha com aquele olhar forte, preciso, seguro e carregado de emoção abafada e para mim...sim, pode não ter sido a intenção de ser para mim mas para mim como espectadora foi sim...e eu que já derramava lágrimas, chorei mais...um choro de nem sei o quê direito...mas a verdade dele me tocou. Tinha horas que eu queria ter estado no palco...o desabafo me chamava, me seduzia, dizia para mim tanta coisa...que eu ainda quero viver tanto e até um certo ponto mais suave da forma como ele falava do amor, porque o rompimento não é logo denunciado de cara e me chamava para: ''vai viver menina, vai viver os teus amores''. Tão bom sentir novamente a sensação de ser mechida e tocada pela arte...água!

''Quem não quiser sofrer só me ame não me traia.''
''(sonde o seu si mesmo e se diga: o Eu é sempre recomeço. por isso estamos sempre findando e refundando a vida...)''

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Do outro lado da rua: filme nacional que trás simplesmente no elenco a Fernandona Montenegro, Raul Cortez e uma participação memorável de Laura Cardoso. O enrredo não é tão fantástico, mas interessante. Fernanda faz uma personagem que no íntimo não aceita a sua velhice, destila provocações e possui um digamos humor negro. Ela com o codinome de Branca De Neve entrega a polícia suspeitos e é em uma de suas suspeitas que ela descobre o personagem de Raul. Ele injeta na mulher uma injeção letal, ao menos na visão dela. A personagem de Fernanda vendo aquilo o têm como criminoso, comeca a rondá-lo, ele percebe e até que no ir e vir dos acontecimentos encaram-se de frente...romance, entrega e não entrega, medo e desejo...é engraçado ele querendo ''pinar'' nela rs...duas cenas em particular não me saem da cabeça: a primeira é ela sentada no sofá, olhando para o nada e a sala apenas com ela e o sofá e a outra é na rua depois do assalto, a imagem dela na rua em cima dos quadradinhos sem ninguém nem nada na rua...eu viajo na idéia de que esses dois momentos são a tomada de consciência dela da sua solidão e é como se ela tivesse num local fechado, do qual se sentisse imobilizada mesmo estando ou querendo estar em movimento, e se fosse o íntimo dela ali? A forma como ela realmente se sente mas quer esconder? O final quando ela fala a última fraze e ele coloca-sse na mesma posição de observação que ela me remete a isso de que poderia ser ele que estivesse no lugar dela observando e chegasse a mesma conclusão que ela teve. Adorei as músicas e algumas paradas de cena sem falas. Só pelas atuações já vale a pena de assistir.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

''Developar'', através da Mostra Especial: ''CLOWNS'' no BNB.
Posso dizer que gostei bastante do clown que utiliza o violino, talvez seja ele que me remeta ao lirismo, ao suave que opõe-se ao digamos escraxado dos demais clowns e bem legal o som do violino ''conduzir'' as movimentações. Pelo pouco que sei, o clown utiliza uma liguagem própria, como se existisse um próprio idioma desenvolvido por ele, seria isto mesmo? Mas no caso o clown ''bailarina'' em muitos momentos se faz entender mesmo com a forma um tanto descontruída da fala...então se o corpo que já estava bastante expressivo e pensando numa linguagem clownesca, seria necessário as falas? Mais interessante eu vejo o falar em forma de sons e que o clown que ama a ''bailarina'' utillizou. Acho que houve um jogo bem claro de oprimido e opressor, mesmo que por poucos momentos houvesse uma troca de um no lugar do outro. Bem, eu não gosto de espetáculos em que há picos de energia e depois uma certa queda e foi o que senti...elementos engraçados e depois vai caindo caindo aí depois volta meio que numa tentativa de levantar a platéia...essa coisa de mostrar as situações das quais as personagens passam e não tanto uma narrativa é interessante...o clown me faz pensar que é algo paralelo ao teatro ou é que, ele faz parte do universo teatral mas é como se tivesse um próprio universo, algo a par...mas eu queria ver um clown que me emocionasse em lágrimas e não em risos...é possível isto?

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Bonequinha De Luxo: tinha tudo para ser um filme muito bestinha, é previsível mas temos algumas surpresas ao longo dele...é uma comédia não intecional ao meu ver, mas têm umas partes tão engraçadinhas (adorei eles entrando e saindo pela janela e não pela porta rs e a cena da festa onde a mulher primeiro ri e depois chora em frente ao espelho- inesquecível), até mesmo pela forma de interpretação de Audrey Hepburn, maravilhosa: uma personagem super bem construída pela naturalidade, olhares e gestos trabalhados e bem casados...a psicologia por trás da estampa porque me é passado uma mulher super bem resolvida, descolada, que sabe o que quer e não se importa muito com a consequência dos seus atos mas naquele final...têm todo ''um algo'' escondido por trás. Eu não gostei do personagem oriental, a construção dele foi muito forçada e é claro que a parte da comédia rasgada era para estar com ele mas não senti. Eu não sei se é porque eu fiquei encantada com a Audrey mas o par romântico dela não me cativou tanto. A mulher que paga ele é insurpotável, não gostei da personagem mas a construção dela ficou bem trabalhada e interessante ao meu ver. As nuances e clareza de intenções de personagem ficaram para mim com as antagonistas mesmo. Têm umas ''jogadas'' na cara que é um luxo de ver e a cena final que linda, pois apesar da previsibilidade é uma das partes que me surpreendeu. Outra cena linda é quando ela canta. Eu achei desnecessário ou talvez não tenha gostado da forma como passaram ''a volta do passado'' dela. O mais legal é que em alguns momentos a personagem de Hepburn e a saída dela com o par romântico me remeteu a infância ou adolescência. Só aumentou minha vontade de ver filmes antigos!

terça-feira, 1 de julho de 2008

O Clube dos Suicidas: leve, natural, denso...me deu vontade de ir para aquele lugar onde aquelas pessoas ali sentem mas de uma forma tão, mas tão interna que é quaze imperceptível...o interno deles é totalmente o contrário do externo (tranquilo e límpido)...é linear mas de uma forma interessante...fiquei pensando de que em algum momento da loucura há ou deve existir um estágio que causa um equilíbrio e o que há menos ali entre as personagens são questionamentos...'' eu não quero morrer, eu só não quero viver''...eles não ficam tentando se entender, reclamando, ou querendo de uma outra forma, apenas fazem-se presentes...a trilha sonora é ótima, têm umas imagens em close lindas e o personagem principal me remete ao do laranja, a-d-o-r-o personagens assim: uma coisa fria, é como é e não está nem um pouco ligando e a personagem que ele gosta, ela é tão linda mesmo, fofa, estranha, complicada...para mim cenas mais movimentadas com umas mais paradas ficaram no tom...mas eu lá entendo de cinema, rs.

terça-feira, 24 de junho de 2008

O Casamento: filme baseado na obra de Nelson e que rodriguianísse ein? (e esse termo?! rs). É muito latente e forte as construções das personagens (uma aula de interpretação), os tipos obssesivos, doentes e doentios, e tudo o mais caótico que se têm direito deste autor. Têm muito de um confuso ali, umas cenas que pareciam uma viajem ao subsconciente daqueles personagens (atentem a cena do velho na cadeira de rodas envolto e depois ''jogado'' para o seu filho pelos ''amantes'') que não me chocam tanto, apesar de ser forte. O teor sexual e necrófilo bastante marcados. Têm uns momentos e umas músicas (a maioria ou todas clássicas por sinal, contrastando com as imagens) que me lembrava ao Laranja Mecânica, do Kubrick. Outras que eram bem fixadas no corpo dos atores, em ângulos diferentes (as duas que me são mais presentes é quando a menina faz uma movimentação de perna aberta numa poltrona e a outra que ela de costas despe-se ao falar de sua ''virgindade'' ao doutor). Como a questão familiar é forte, é revista pelas emoções das personagens como um ambiente que não as faz bem, que as perturbam, que as maltratam, que as reprime mas imbuídas de uma forma discreta, indireta mesmo mais percebida também, acredito.

Bogus, meu amigo secreto: esse filme não é de um dos meus gêneros prediletos, diria até bestinha (ou é preconceito meu mesmo) só que eu gostei dele pela menssagem, além do quê chorei: como a criança é verdadeira em sua fantasia, o que chega a amolecer o coração do adulto que na sua infância não conseguiu dar vida a sua imaginação e que em muitos momentos precisaria de um amiguinho imaginário...aliás, quem não teve que atire a primeira pedra (eu já tive e a minha se chamava jamile e quem sabe ela não possa vir fazer uma visitinha a mim? rs). ''Os fatos das vida obrigam e exigem uma certa fortaleza de nós, mas que não percamos a ternura e não atropelemos o tempo''. Têm umas cenas muito exageradas, umas coisas meio de filme americano, pelo menos é o que lembrou. O Haley Joel Osment (aquele do Sexto Sentido) tá muito fofinho e ele tá bem, mais bem novinho mesmo, O Gerard Depardieu (O Homem Da Máscara De Ferro) muito legal ter feito este papel que no filme já está digamos um quase senhor e que sei lá na minha cabeça em geral um amiguinho imaginário é mais novo, mas que poderia até remeter a uma figura paterna e a Whoopi Goldberg têm uma presença forte e uma construção de personagem firme, mesmo me remetendo a outros papéis que lembro dos quais ela desenvolveu.

sábado, 21 de junho de 2008

As bondosas: um exagero tão bom de se rever...o local que eu estava limitava muito de ver as expressões dos atores, mais do que já tinha visto e pelas também construções claras e diferenciadas das personagens fica muito marcante. Aquele triozinho de rezadeiras parecia a reunião das frustradas rs...cada uma com mais neura que a outra e uma vontade de libertação tão grande, de sair daquela repressão horrenda...um amigo comentou: até que ponto a cultura nos faz mal? Sim, porque toda aquela cultura revista nas tradições religiosas interioranas provavelmente podava-as ao extremo. Eu adoro a personagem que é mais revoltada, a que fala da mulher de vermelho e têm desejos por ela...é que é tão viva, tão esfusiante, chega até a ser revolucionária...aquela risada...e as outras têm uma graduação variável de exposição que desperta uma curiosidade e surpreende. Essa coisa do desejo reprimido trabalhado para uma comicidade é bem interessante porque de certa forma chega de uma forma mais leve, mas não menos suscinta a reflexões. Quantas daquelas mulheres existem na vida real? E não só as com cultura e tradição religiosas mais marcantes. Adorei a parte do orgasmo e a perninha dela levantada e aberta rs, só que em alguns momentos não conseguia entender algumas das coisas que eram faladas e não lembro se especificamente de um ator, mas acho que o que tinha a voz menos ''escutada'' era o que estava com a roupa sex por baixo, mas que também variava na forma de falar de um jeito bem trabalhado e interessante. Para mim a mulher que entra com os copinhos é dispensável, pois a reza ''disfarçada'' e depois os cochichos poderiam ser passados acredito, apenas com aquele jogo das 3 personagens. Outra coisa bastante interessante foi a ligação forte que houve com o público: risadas, comentários e palmas expontâneas durante todo o espetáculo...o envolvimento latente de personagem e platéia. Vou rever novamente!
O Cantil: para mim foi uma aula de expressão ''mecânica'' corporal e sobre Brecht, até por conta do debate que houve depois.
Mecânica eu falo num sentido positivo, pois apesar da dificuldade que eles próprios disseram que tiveram com certos movimentos é bastante preciso e coordenado. E são bonecos que têm vida...eu assim como uma pessoa da platéia também fiquei pensando na tensão que era em estar sendo manipulado, de ter de limitar o psicológico para que ele não avance antes do movimento ensaiado.
Falaram também que de início os bonecos pareciam ser de um mesmo patamar social, até mesmo pelas roupas e que os atores de preto seriam os patrões e o processo ''lento'' até perceber a relação manipuladores-manipulados...também me foi passado dessa forma mas uma coisa é que para mim é como se os de branco fossem uma extensão dos de preto, pois a energia de um casava com a de outro e eu não sei se foi intencional mas a expressão em alguns momentos dos de preto era forte, tanto que no momento que o de branco subalterno cai, a menina de preto quando solta ele susurra um som e sua expressão facial é ainda mais forte...não caberia nos de preto uma expressão neutra já que são manipuladores?
Acho que é muito bacana a evolução da narrativa corporal-fotográfica e que dizia muito: as intenções, as emoções dos bonecos querendo ser escondidas no corpo mais ao mesmo tempo sendo mostradas...mas têm alguma coisa ali que parece que eu não consegui captar, algo no ar...eu sai reflexiva e fria e não consigo chegar a nenhum lugar da minha cabeça.
A trilha sonora ficou muito bem encaixada com tudo aquilo e o cenário do céu, muito lindo...mas aquele sonho numas imagens mais ''psicodélicas'' é uma forma interessante mas que para mim vendo o de branco-patrão se mechendo na barraquinha poderia ter sido passado somente nele mesmo e talvez numa movimentação do outro também.
Eu ficava querendo saber todo tempo qual o próximo movimento qual o próximo movimento...não têm como não prender a atenção.
Realmente ficou muito explorado e no corpo mesmo uma coisa mais oriental e lenta e se houvesse um pouco mais de ocidental ali, ao menos em alguns momentos? E se houvesse uma revolta do empregado e ele que matasse o patrão? Talvez uma desconstrução maior do texto.

sábado, 14 de junho de 2008

Edisca-Duas Estações: é tão pobre tentar falar ou escrever sobre o trabalho deles pois é riquíssimo. É uma mistura de lúdico com precisão de técnica corporal e as temáticas sempre tocantes ao meu ver. Eu sinto um encanto e uns arrepios, dá vontade de dançar. Mistura de tanta coisa ali e o trabalho em conjunto cincronizadíssimo. É como se houvesse um foque e um desfoque ao mesmo tempo. É, essa coisa das duas estações presentes nos momentos felizes e mais tristes dali, o nordeste em foco numa mistura rupreste-animalesca. Nem têm muito o que redigir e sim perceber...

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Meire Love- Uma Tragédia Lúdica: que está em cartaz as terças deste mês no Dragão Do Mar.
Não esperava e adorei já logo entrar e escutar um pancadão da Tati Quebra Barraco, o que já concerteza poderia remeter a um pouco do universo da história, delicado por sinal. Tudo gira em torno de Meire Love, são 3 meninas de rua que ao meu ver personificam-se nesta única Meire, sendo então a Meire-Love a representação das meninas de rua. É uma mistura de texto lírico com escrachado, eu fui rindo rindo e rindo mas com o passar eu pude me deter um pouco mais de que ali se tratava de uma realidade muita brusca, muita cruel e nua. A exploração da qual passavam e ao que submetiam-se. A realidade social transformando meninas em mulheres antes do tempo, porque elas ainda eram crianças e estavam perdendo a sua inocência. Adorei os saquinhos - cada pegar, soprar e jogar tinha uma intenção e ao final com o papocar deles me veio algo como de estar matando as intenções da Meire ou Meirizinhas. Os 3 atores sentados o tempo inteiro nas cadeiras e mesmo assim com bastante expressividade ao contarem e representarem as situações vivenciadas por elas, acho que ficou até mais interessante, a forma pareceu-me algo de narração com flashes backs. No figurino, apenas um top escondido à mostra nas roupas de homem remetia as meninas e era só o que bastava mesmo. Eu fiquei um pouco incomodada acho que no momento que umas batiam em uma e zombavam com ela e arrepiei-me um pouco ao final que uma cantava e as outras falavam uma fraze repetida. Para mim quem roubou a cena foi (desculpe a citação, mas não sei o nome dele) sem ser Yuri e Rogério. A dramaticidade e expressividade dele ao menos nesta personagem que vi é linda. No momento que ele sendo a menina fala ''olha, o sol...'' aí foi muito lindo, esse pequeno momento para mim me remeteu a um sofrimento com uma docura e desespero por um simples sol, talvez pelo ser feliz. É que parecia que tudo na interpretação dele pulsava e pulava e tinha muito de poesia nela. Eu gostei dos momentos que Rogério falava e aquela risadinha da menina ao mesmo tempo que agradou me desagradou, mas não sai da cabeça rs. Yuri eu não sei o que foi, mas em alguns momentos é como se faltasse mais expressividade ou talvez a personagem era daquela forma mesmo, o legal foi o escrachado do escrachado numa menina meio que revoltada. Meire Love pode trazer tantas reflexões. A peça é um ''soco'' na sociedade mas realmente passada de uma forma lúdica. E gosto muito do trabalho deste grupo, do Bagaceira. Apenas tive a oportunidade de ver 3 dos espetáculos do repertório deles, mas eu sempre me surpreendo pois é muito versátil, original e criativo, ousado também e para quê melhor representação de teatro do que essa? São trabalhos assim que me inspiram!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

SEXA: espetáculo de dança do qual tive a oportunidade de assistir hoje e que estará em cartaz aos finais de semana no TJA.
Achei provocador, me veio perguntas de ''o que eu estou fazendo com o meu corpo?'' Sim porque, aborda o universo feminino neste sentido de sempre estarmos a procura do corpo perfeito, que você busca busca busca e isto para quê?
Uma auto-perversão consigo mesma...como se nos sugeitássemos a buscarmos nos enquadrar no padrão imposto e para uma grande e bela ilusão, na verdade feia e horrenda porque toca justamente na violência subjetiva.
''Fulana, tantos anos, sem estrias, quaze não têm celulite, bunda grande, peito pequeno...corpo que está no padrão...e que está a venda'' e isto a menina da qual não estava falando amarrava os panos em seu rosto, pois esta definição do que é aceito é uma prisão sim, é um sufocamento para quem vive.
Somos um pedaço de carne para sermos vendidas?!
Além do quê a relação de inveja, despeito, apontar e se comparar a sua amiga...quem é mais bela, quem está mais assim ou assado?!
Aí que merda essas coisas da sociedade, cansei cansei cansei...
Para um amigo serviu como protesto, para mim como forma de reflexão e exergar até que ponto estamos nos sujeitando a tantos padrões idiotas e que sempre nos traz insatisfação.
Sejamos livres na nossa essência, com nossos sentimentos, nos achando belos e plenos da forma como quizermos e que se queiramos mudança, seja estética ou interior que ocorra de uma forma sadia e sem tantas neuroses.

sábado, 17 de maio de 2008

É muita pretenção a pessoa ''redigir'' a respeito de um dos trabalhos de Ricardo Guilherme, mas é o que farei agora mesmo, hihihihihi.
Assisti pela programação do mês do TJA (aliás, hoje como em todos os dias 17 há um dia de programações de graça no teatro) Bravíssimo!
Na verdade eu gosto bem mais de Flor De Obsessão (há muito tempo que assisti e que pode ser conferido na terça dia 20) mas Ricardo é fantástico sem tirar nem por também neste outro trabalho.
Quando eu saia, um amigo comentando fala de que ele é bastante fiel ao Teatro Radical e que há muito presente a questão das repetições e há mesmo, além da sua imagem e da energia passada ter uma força um tanto exagerada, impactante no exposto. (Claro que eu ainda preciso e tenho bastante curiosidade de estudar mais sobre este linha teatral)
Teve um momento que eu ficava observando em volta de Ricardo a luz e quando foi terminando também, a forte estética passada só pela luz e o seu ''desligar''.
O travamento dos dentes dele e o continuar das falas invoca e também a questão dos papéis, qual o intiuto? Parecia que aquilo eramos nós, o povo brasileiro sendo pegado, amassado e jogado fora até porque ele lança os papéis para a platéia...''esse papel é você idiota''.
Uma crítica de humor negro eu vejo...eu percebia várias pessoas rindo e comentários como ''afe maria'', ''caramba'', ''é mesmo viu''...acredito que fruto de incomodações e inquietações...eu mesmo achei um tanto cansativo e não estava com tanta vontade de ficar ali escutando aquilo.
Todo o olhar crítico e a crítica falada é como se fosse Nelson ali?
Apesar do exagero marcante existe uma certa linha tênue na mudança das personagens e emoções destas que na verdade era como se fosse o olhar de uma através das outras, foi passando a mim de uma forma leve mas que pode levar a muitas reflexões e indentificações.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Foi bom ter saído de casa para ver ''OS SINOS''...espetáculo que esteve na programação deste mês do TJA.
O descenário ou cenário mais livre digamos têm uma simbologia lúdica. Há uma força muito constante ali, um ambiente neurastémico. Pensei que fosse me envolver mais, mas a evolução até o ápice final é surpreendente, há picos e picos de variações de emoção. Aquela cena final da mãe com o filho é muito marcante (me remeteu a uma mistura de sufocamento, agonia e desespero). O confrontamento entre pai e filha por entre as cadeiras é bem estético e seria um elemento de estranhamento? Que construção linda da personagem do filho, o corpo que fala mesmo. Os demais atores também com construções bastante convincentes. Continuo com o pensamento de, mesmo com uma desestruturação familiar antes do ocorrido, a gota d'água foi com a morte da filha e o amor incondicional da mãe pela menina (que me veio muito de uma fantasia em torno dela, algo p/distorcido e doentio) é que desenrola e desarmoniza tudo...a mãe-matriz, a mãe-leoa, a mãe amorosa porém que renega os demais, parece que ela só ama a que morreu...tudo gira em torno dessa menina morta...até porque ela não cuida dos outros dois filhos, deixa o menino amarrado, não permite que a outra filha chegue até ela...não sei se os antecedentes do histórico desta familia era assim, mas me foi passado isso. A única ''sadia'' e corajosa mesmo era a outra filha, mas acho que pode haver mais energia disto na personagem. Gostei muito do som feito com as mãos na ''madeira'', mas achei a outra música desnecessária e que não casava com o conjunto. Ah, achei bacana o tempo de espera após a luz fechada para que os atores entrassem em cena...o que pode remeter ao ambiente fúnebre e sombrio. No comeco pela postura e roupa pensei que a filha na verdade fosse a mãe e na cena em que a mãe aparece com as costas nuas e marcas de surra acho que poderia ficar mais interessante, marcante se fosse na verdade a filha ali (na fala do pai foi me passado essa idéia) e acho que a personagem da filha poderia ter tido um envolvimento maior com o pai, que por exemplo houvesse uma relação de incesto...isso poderia até mesmo incitar uma revolta e repúdio maior da filha viva pela família o que já vi que foi tentado passar. Gostaria de ver novamente. Reflexões mil.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Fedra, tragédia grega do autor clássico francês Jean Racine: adaptação para uma esquete desenvolvida para o segundo módulo do Curso Princípios Básicos De Teatro no TJA.
Obrigada aos deuses teatrais e gregos. Obrigada a todos do meu grupo. Gostei do que apresentamos. Muito trabalho vêm pela frente se Deus quizer, porque lá nós respiramos e sentimos o fazer teatral intensamente.
*Vale a pena conferir a programação deste mês do TJA: http://www.secult.ce.gov.br/#
(link abaixo com um desenho do teatro)

terça-feira, 29 de abril de 2008

fui muito tocada com o espetáculo de dança Ind Gente, do grupo CEM coordenado por Silvia Moura. Solidão, agonia, vazio, nu, não nu...é forte e não passa desapercebido. Se eu for falar do tanto de coisa que me remete...vai sair muita coisa pessoal. Mas pelo que pude perceber do grupo, é uma arte contemporânea bem livre, experimental, buscando cada um em seu tempo as emoções e despreendimentos, não têm nada marcado, nem tão pensado e é bem mais para sensações e emoções expelidas.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Escrevo escutando Tori Amos-Strange Little Girl, porque eu estou com uma sensação boa depois do que assisti hoje!
Água de meninos/ Edmar Cândido, Jaime Ferreira, Márcio Medeiros e Paulo José: mistura de ''tipos'' masculinos...o elemento do fogo marcante, os ''meninos-réi'' brincando, hindus? movimentos de yoga? dançarinos de dança flamenca? ou uma tourada? roda de capoeira, orixás...como que um encaixe de rituais ainda fazendo menção ao elemento feminino, deusa...mas porque no título há água? fluir dos movimentos corporais? relação com a platéia das histórias contadas e do barquinho construido? êh, ele perguntou meu nome rs e fui eu quem soprei a vela para deixar tudo ir-se...cenário ao ar livre, distribuição de pedras, alimentos...porque sim, aquilo ali foi uma oferenda pois em cada um de nós há um Deus e uma Deusa, o fogo e a água.
*Bjork-Unravel.
Daqueles que se sente saudade/ Sâmia Bittencourt: que lindo, que fofo, que meigo, e num emocional-tênue. Ela é linda, toda pequenininha e entronquadinda, parece uma boneca...que fluídez, que experimentações...me veio muito durante o que vi desejo, desejo do quê? ela procurava e não achava ou achava e depois ia-se...vai ver era a saudade mesmo embalada com carinho. Mais um exemplo do que pode ser moldado com o corpo independente do tipo físico.
*Bjork-Pluto.
Desespero para a felicidade ou se eu não gostar, nada é para sempre/ Márcio Medeiros: já pelo título me remete a identificações e o texto ''bafo'' do começo...''realidade iventada''...forte, preciso, movimentações bem interessantes, variações de ritmo...um boneco que dava-se corda, um homem que repassava por si, pelo seu universo... meu olhar acompanhava e a minha cabeça rodava...putz, ''NE ME QUITTE PAS'' em uma voz masculina misturada com um sonzinho de uma menina...
Eu sou bem mais leiga em dança, para mim é um tanto difícil traduzir em palavras o que vi até porque é tão visual, tão ritmo-frenético...em uma peça de teatro se você busca opiniões talvez até dê para ter uma idéia mais clara apesar de cada um com sua interpretação mas a dança é mais ''escondido'', mais suavizado...e isto para mim.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

3 mostra repertória com o grupo cem (centro de experimentaçao em movimento)entrada 3reais(meia) 6reais(inteira), no Teatro José De Alencar.corpos aprisionados dia 22 asw 18:30 palco principal.mentiras sinceras dia 23 asw 18:30 palco principal.ind gente dia 26 estréia porÃo.engarrafada dia 27 porÂo gratis.contra tempo na rua gal.sampaio com leberato barroso dia 29 asw 14:00.ind gente + parece que foi ontem. um solo com silvia moura reverencia as pessoas fundamentais em sua trajetória. estréia dia 29 asw 16:00.gratis.conversa de coreógrafiaconvida:silvia moura, andréa bardawil, heber stalin e thais gonçalves. dia 29 asw 17:30 no foyer. gratis.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Hoje os ''meninos do princípios'' voltaram com o espetáculo "EM NOME DO PAI DA MÃE DOS FILHOS E DO ESPIRITO HUMANO AMÉM"!
Eu sou suspeita a falar: além de ter assistido algumas vezes, gosto bastante da peça em si e tenho um carinho especial por alguns do elenco.
Assistam, é teatro vivo e puro e percebi claramente nesta apresentação de hoje: elenco afiadíssimo, aprimoramento do exposto...o legal de ver mais de uma vez peças, filmes ou seja lá o que for é perceber nuances ou detalhes (por exemplo o olhar pulsante de emoção do ator, entonações de voz e até mesmo evoluções da construção das personagens, o que houve na peça).
É interessante e importante acredito, para os atores, a liberdade de criação que Joca Andrade permite, em que os criadores-atores identificando-se com o que se quer passar buscam e expõem a verdade artística que existe dentro de cada um, que chegou a mim com uma humanidade em comum...o estranhamento proposital do cutucar na sociedade é sentido eu acho, aos que não percebem-se com muitas das emoções daquelas personagens...aos que percebem-se podem sentir que o teatro é um lugar que permite que você perceba-se ''doente'' também, o que pode ser tratado com mais liberdade e naturalidade.

''O Artista capta e demonstra de forma exarcebada o que de mais íntimo e profundo existe no ser humano e que nem sempre ele gosta e quer ver''. Numa definição, a peça me remete a esta idéia.

*Raul e Érica exploraram mais o drama e os sentimentos das personagens uma para com a outra. Eu acho que não gosto da personagem da Érica, mas é sim bem exposta. Evolução importante da personagem do Raul...o corpo que permite a voz do animal-humano, do humano-animal?!
* Allexandre e Danniel exploraram mais o casal pai e mãe, o que ficaram mais bem apresentados, claros e naturais...o drama em si, não tanto o tom engraçado que existe aí...eu senti uma rapidez e energia do ''trocar'' das emoções e ''pele'' das personagens...Allexandre expôs nuances de emoção do olhar e muito de uma maior construção da mãe, o Danniel é a respiração bem clara, mas já senti mais a personagem dele em outras apresentações. Será que uma exploração diferenciada no corpo acrescentaria?
* Patrícia acrescentou a já sua bem desenvoldida expressão corporal, a voz mais forte e emoção da personagem mais visual. João Paulo e Fabiano, tive a percepção da construção diferenciada do corpo de cada um dos ''espectros'', mesmo que na junção de um mesmo. Mas desta vez ela destacou-se mais, a energia deles não estava tão presente...como se a personagem dela tivesse dado um salto, um pulo...mesmo que sendo central nela, os meninos já haviam conseguido antes uma certa descentralização.
* Eva e Júnior, tenho uma certa resistência ou proteção a esta esquete por uma questão pessoal de uma certa identificação, mas vocês continuaram com o desenvolvimento e aprimoramento maior que já havia percebido na apresentação do BNB.
* Leandro deu uma vivacidade a esquete, trabalho bem desenvolvido numa personagem um tanto complicado por conta da situação em que se encontra. Com o empenho e dedicação de Evandro ele chegou mais a uma verdade na atuação, o que ainda pode ser mais explorado. Eu não gostei dos deboches do menino que faz o capitão, é uma personagem muito bruto ao menos o que é passado.
* Ainda sinto falta das siamesas...acho que era essa esquete que me passava um estranhamento maior.

Parabéns a todos...quer dizer, continuem com muita merda, rs!

terça-feira, 15 de abril de 2008

O Apocalipse: mortos-vivos, vivacidade, contraste do obscuro com a luz, comédia mais refinada...gostei muito da construção e movimentação corporal-facial da personagem de Pedro Gonçalves (cobra? demônio enrustido?), da diferenciação das personagens de Walmick Campos (mais expressivo e bem casado para mim como o prefeito...percebo neste ator um trabalho de voz forte, apesar de achar que poderiam haver mais nuances e diferenciações, mas este menino têm uma luz, uma certa magnetude e não só pelo porte) e de Jadeilson Feitosa (os personagens são bem diferentes por si só, mas há uma autêntica e visível construção de cada um, a minuciozidade com que ele trabalha os papéis, os trejeitos, as variações na voz...não é de hoje que admiro o trabalho dele); acho que o papel da Cega ficou um tanto inexpressiva com relação aos outros dois Cegos (por que esses personagens são intitulados de Cego(a)? a intenção deles é clara, passam a mim o obscuro, as ''profundezas'', o aviso da morte ou a clareza dela? mas não sei se haveria uma definição ou há do que são?); será que um trabalho de voz mais masculinizado e forte ao senhor da primeira cena encaixaria-sse melhor com a personagem? (se não me engano é Sr.Domingos, mas há sim uma construção e movimentação corporal clara deste); a ''noiva-cadáver'' a mim parece que não a ''senti'', é como se destoa-sse do resto...mas isto não quer dizer que tenha sido um trabalho mal-feito e é lindo quando ela entra cantando; as duas irmãs têm um encaixe e entrosamento cênico visível; muito boa na primeira cena a briga das duas mulheres por Biu e uma cena mais ao final em um dado momento que um dos Cegos faz como se voltasse a movimentação e as personagens no tempo e ao final, qual o propósito da luz nos mortos-vivos e e a falta de luz nos Cegos?! Por que não o contrário?! Ao meu ver os personagens Cegos têm um papel fundamental e uma caracterização do exposto bem evidente, então penso que eles poderiam ser mais explorados, podendo haver mais intervenções destes...é como se tivessem ficado num segundo plano o que para mim não o é...achei muito mais interessante a ''parte'' deles do que do resto em si, a concepção, o que demonstram enfim; ahhh o casal que vive brigando me lembrou uma coisa meio ''Jeca Tatu'' , bem trabalhados, mas não em si personagens que me agradam. Eu não sei se era preciso uma exploração dos dramas dos personagens mas eu não percebi tanto ou percebi de uma forma não tão evidente...é que para mim não chegou nem como uma comédia e nem como um drama, talvez um ir e vir nisto, um meio termo...lendo o Release agora, é realmente uma sátira, utilizando o bom humor...os personagens tinham um quê de interioranos?! senti em algumas falas. Enfim, um trabalho bem feito mas ainda assim gostaria que houvessem mais das explorações das quais citei.

domingo, 13 de abril de 2008

Dois programas culturais.
Hoje era o último dia desta exposição: ''Entregue às Moscas- Grupo Acidum Grafite – Design – Vídeo Arte – Intervenção – Stickers – Stencil. A exposição exibe um painel multifacetado de linguagens gráficas. As imagens - grafites, vídeos, instalações, stencil e adesivos - causam impacto e admiração. As expressões e movimentos da cidade são postos em cena como forma de repensar o urbano. Contemplado no Edital de Artes da Funcet.'' Vi tudo muito rápido mas as imagens e a forma como foram compostas são lindas, excêntricas, fortes...difícil de apagar da memória.
Pûde conferir também o ''Cine Ceará''. Na programação de hoje: ''O vídeo "Fortaleza 24h" integra as comemorações dos 282 anos de Fortaleza. O vídeo reúne 24 realizadores, cada um deles tem um minuto para apresentar uma hora na cidade. O projeto é uma iniciativa do Olhar Brasil - Núcleo de Produção Digital da Vila das Artes, equipamento da Prefeitura Municipal de Fortaleza, em parceria com a Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, 18º Cine Ceará e Universidade Federal do Ceará.'' Vídeos diversificados, mesclamento de várias formas, alguns bastante interessantes, uns que chamaram mais a atenção...mas todos feitos com qualidade e esmero. Vídeos de pessoas queridas estavam entre os 24, ráh ráh!
*http://www.cineceara.com.br/

Sem muita inspiração a escrever, vi tudo muito corrido, não tive tanto tempo de contemplar da forma como gosto e ''matutar''...mas o legal é que foram novas linguagens e novas formas de visualização...é bom diversificar.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Projeto Abracadabra no TJA/ Peça A Casa das Mulheres da Lua/ Grupo Fraternidade de Artistas Cavaleiros da Dama Pobresa/Dirção: Graça Freitas, Cleyson Catarina e Alan Mendonça.
Percebi na peça um emaranhado de tradições culturais e exposição em uma personagem núcleo disto. Me veio uma mistura de poesia com popular. Não consegui captar tanto as mensagens que eram expostas atravéz da personagem que trouxe-me curiosidade no sentido de ''o que representa? o que quer mostar? o que exatamente é isto?...'' Astro-Rei é o que me vêm, mistura de dualidades, acho que por vezes uma trágico-comédia, talvez uma Comédia Dell'Arte rebuscada e revisitada nas expressões pitorescas. Músicos ajudaram na atmosfera. Algumas cenas ''transformadas'' em imagens chamaram a atenção. Mas em alguns momentos passou a mim algo forçado, não tão orgánico do ator. Talvez o papel pedisse. Ou talvez apenas sejam as minhas impressões.

*Matéria:
http://www.opovo.com.br/opovo/paginasazuis/778957.html (um pouco dos pensamentos e da tragetória do fantástico - pelo pouco que já vi- e conterrâneo ator Gero Camilo)

domingo, 6 de abril de 2008

Dentro da programação do PALCO GIRATÓRIO assisti a peça ''Amor e Loucura'' de A Roda Teatro de Bonecos (BA): para mim, apesar do lirismo utilizado, não encaixou-se texto e exposição cênicas, no caso a utilização de bonecos. O texto é pesado (poético, mas falo no sentido dramático) mas há um distanciamento e suavização, acredito que por conta desta utilização. Há cenas bonitas, bem casadas a movimentão e manipulação dos bonecos, mas a peça torna-se cansativa. Eu não gosto tanto desta manifestação teatral, mas enfim há arte da mesma forma. A platéia pareceu gostar, risadinhas do gênero ''que fofo, que meigo, que bonito''...mas eu acho que este texto merece atuações de atores e não a manipulação dos bonecos e no caso pode ser o fato de eu não estar tão acostumada com este tipo de teatro, mas enfim é da forma como percebo e no caso o grupo têm todo o direito de expressar-se da forma que quizer. Em um rápido momento lembrei de Hoje é Dia de Maria, que utiliza também bonecos. Não sei, a roupa preta dos ''manipuladores'', não gostei tanto...talvez pode ser mais um elemento de distanciamento e estranhamento à platéia. É como se quizesse tocar mais não tocasse, quizesse chegar mas não chegasse...como se tivesse um impasse, um impedimento. Não gostei tanto, mas enfim pûde ver um outro tipo de linguagem, uma outra forma do fazer teatral.
Bjork para mim é como que a fina flor de maestria excêntrica. Super artística, linda em seu semblante, difere praticamente em todas as suas músicas. Ela canta com amor, com verdade e de certa forma atua também (assistam Dançando no Escuro...ela atua lindamente, o filme é triste mas lembro-me que me deu umas sensações de roupantes em alguns momentos). Toda vez que procuro dançar visando o teatral eu busco suas músicas, que me dão inúmeras possibilidades e vontades de externuar a expressão corporal e as emoções também. Ela toca na minha alma.

É bem casado as expressões corporais e as possibilidades que ele usa, emocionais também com a forma dela cantar...mas acho que me causou uma sensação diferente, um estranhamento do qual não sei qual seja...acho que é uma vontade de estar ali talvez, externuando tudo. Claro, efeitos especiais, imagens ''transcendentes'' mas a essência está ali. Música extridente!
Pluto (tradução)
PlutãoDesculpeMas vou ter queExplodirExplodir esse corpoMe desligarEu ficarei novinho em folhaNovinho pro amanhãUm pouco cansadoMas novinho em folha.


Abril-Agenda Cultural:

FESTIVAL PALCO GIRATÓRIO 2008:
http://www.fecomercio-ce.org.br/content/aplicacao/fecomercio-ce/2008-03-marco/gerados/27_prog_palco.asp

CENTRO CULTURAL BANCO DO NORDESTE: http://www.bnb.com.br/content/aplicacao/Centro_Cultural/Agenda/gerados/agenda_abril2008.asp#6

CENTRO DRAGÃO DO MAR DE ARTE E CULTURAL:
(exposições) http://www.dragaodomar.org.br/index.php?pg=p_expo
(cinema) http://www.dragaodomar.org.br/index.php?pg=p_cinema
(teatro) http://www.dragaodomar.org.br/index.php?pg=p_teatrodanca
(dança) http://www.dragaodomar.org.br/index.php?pg=p_danca
(literatura) http://www.dragaodomar.org.br/index.php?pg=p_literatura
(infantil) http://www.dragaodomar.org.br/index.php?pg=p_infantil
(música) http://www.dragaodomar.org.br/index.php?pg=p_musica
(planetário) http://www.dragaodomar.org.br/index.php?pg=esp_planetario1
(múltiplas linguagens) http://www.dragaodomar.org.br/index.php?pg=p_progfixa

CENTRO CULTURAL BOM JARDIM:
http://www.dragaodomar.org.br/index.php?pg=p_bomjardim

TEATRO JOSÉ DE ALENCAR:
(embaixo aperte no link do teatro) http://www.secult.ce.gov.br/

terça-feira, 1 de abril de 2008

"Eu adivinho coisas que não têm nome e que tal­vez nunca terão. É. Eu sinto o que me será sempre inacessível. É. Mas eu sei tudo. Tudo o que sei sem propriamente saber não tem sinônimo no mundo da fala mas me enriquece e me justifica. Embora a palavra eu a perdi porque tentei falá-la. E saber-tudo-sem saber é um perpétuo esquecimento que vem e vai como as ondas do mar que avançam e recuam na areia da praia. Civilizar minha vida é expulsar-me de mim. Ci­vilizar minha existência a mais profunda seria tentar expulsar a minha natureza e a supernatureza. Tudo isso no entanto não fala de meu possível significado. O que me mata é o cotidiano. Eu queria só ex­ceções. Estou perdida: eu não tenho hábitos."
(Um Sopro de Vida - Clarice Lispector)


*Dedico o post de hoje a ela, porque eu bem devo estar num momento ''Clariciano''...eu sinto que ela me entende apesar de eu ainda não a sentir exatamente: lendo Felicidade Clandestina, as crônicas ou contos passam e não passam a mim, chegam e não chegam...é algo que eu ainda não sei explicar e nem sei ao certo se já gosto de sua escrita, mas interessa-me além de achar fantástica!

segunda-feira, 31 de março de 2008

Ontem eu tive novamente o deleite em assistir EM PASSANT: na verdade para quem se envolve assim tanto quanto eu me envolvi com esta peça (e alguém não se envolveu ou sentiu algo? as pessoas que sim devem estar é acanhadas em dizer pois em geral houve um envolvimento dos espectadores-um dos objetivos deste projeto acredito eu, de fazer com que a platéia sinta-se parte deste universo, eu no caso me senti um todo, mas enfim...) é complicado de deleitar-se por que a peça te traz inúmeras sensações e pode ser perigoso ver-se transposto naquilo. Nesta segunda vez que assisti senti de uma forma diferente: mais reflexões e menos catarzes, porém um ''adeus'' pairou em mim sob vários momentos...estranhamento.Noto no texto muito de fragmentos, de ''não-acabados'' mas com frazes como ''só fale se for para melhorar o silêncio'' que podem te acabar ou te abalar, sendo um tiro certeiro na consciência e emoção da platéia. Texto que sim, é completado por nós, mesmo que guardando para si...ELE, ELA, O VAZIO... os personagens que opostamente um ao outro completam-se na sua dor, no seu existencialismo?! Essa sensação de morbidez e vazio que pode ter unido-os naquela praça, naquele tempo...de passagem, porém profunda.O escritor, os atores, o diretor...as cenas, os figuros, as personagens, a luz...tudo é primoroso e lapidado, covarde e corajoso ao mesmo tempo: como algo tão efêmero pode ser de tanta qualidade e chegando a nós de uma forma tão...para mim de uma forma a desvendar o meu eu e com o poder de algumas transformações. Só que desta vez está tudo remexido aqui, tudo ao avesso...e eu não pedi para ser mostrada e descoberta ali, hoje eu não quero agradecer...
*A peça voltará em cartaz ao final de abril!

sábado, 29 de março de 2008

Hoje é o meu dia: assim que deu meia noite me veio uma animação e vontade súbita de escutar Placebo, minha banda preferida! Identificações, agitações, sinto inúmeras e diferentes sensações com eles e a forma extridente como passam a sua música me remete a muita liberdade e sim, eu danço Placebo, hsuhsuhsush. Sem contar as figuras excêntricas que são Brian e Stefan, principalmente...deleite!
Placebo - Special Needs (tradução)
"Lembre de mim, quando for você que estive na tela
prateada
Lembre de mim, quando você for aquela que sempre
sonhou
Lembre de mim, sempre que os narizes começarem a
sangrar
Lembre de mim, necessidades especiais
Apenas dezenove, um sonho escroto
Eu acho que pensei que você tivesse o sabor
Apenas dezenove, um sonho obsceno
Com seis meses fora por mau comportamento
Lembre de mim quando você agarrar seu contrato para o
cinema
Pense em mim preso à minha cadeira que tem quatro
rodas
Lembre de mim através dos flashes fotográficos e
gritos
Lembre de mim, sonhos especiais
Apenas dezenove, um sonho escroto
Eu acho que pensei que você tivesse o sabor
Apenas dezenove, um sonho obsceno
Com seis meses fora por mau comportamento
Lembre de mim
Lembre de mim"

quinta-feira, 27 de março de 2008

Dia Mundial Do Teatro!

Hoje é um dia muito especial e querido: o dia da arte maior para mim e que eu tanto amo. Não sei como é para vocês, mas acho tão fantástico o fato do teatro englobar tantas outras artes e desnudar o ser humano...sim, porque este é o material principal desta arte. Então bebamos disto, olhemos, busquemos em nós e nos demais seres humanos as emoções das quais queremos transpor ou não aos palcos. Um trabalho de um ser humano feito para outro, um presente na verdade, pois a uma doação do próprio artista como material e instumento, em que transformado em sua personagem é exposto ao alvo de mil e uma variações de gostos e desgostos. Complicado a decisão do ser humano que quer ser artista: as transformações, os desafios, os pesares, as dores, os cansaços, ora o estímulo ora o desestímulo...tantos duetos, tercetos, quartetos e mais etos pelos quais passa interna e externamente. É preciso de coragem mesmo para aguentar os trancos e barrancos desta arte, mas a sensação infinita e indescritível de felicidade e liberdade da qual o artista sente é tão intensa e pulsante que parece que vai explodar o coração...ao menos é assim que sinto! E viva o dia do mundial do teatro \o/

Matérias relacionadas:
http://www.opovo.com.br/opovo/vidaearte/776016.html
*Hoje também comemora-se o dia mundial do circo.
*Rs, acabei que falei mais do ator do que o teatro em si.
*Pena que hoje não estou assistindo a nenhuma peça, mas estou sentindo e pensando nisto.
*Preciso atualizar notícias de outras artes também...não prometo nada mas vou tentar.
*Não dá mesmo para negar que tenho preferência ao teatro a qualquer outra arte...fazer o quê né? Ela me pegou de jeito mesmo, rs.

terça-feira, 25 de março de 2008

Um mês de festa para o teatro:

Complementando com a programação no TJA: http://www.secult.ce.gov.br/
(Embaixo em equipamentos culturais clique no link do TJA)

*Opções culturais e artísticas é o que não faltam, então não vale ficar em casa chupando o dedo ein?!
*Overdose teatral, kkkkkkk!

domingo, 23 de março de 2008

Gente, olhem que dica interessantíssima:

Eterno Rêtorno - E.Rê 'Uma encenação teatral performática sobre o surgimento da vida, do Big bang até o exato momento de agora. Autoria, atuação e direção de Fábio Vidal. Praça Pedro Archanjo dia 26 de março - quarta 19hPelourinho - Salvador – Bahia. Entrada Franca. SINOPSE: Essa encenação teatral conta a história da criação do Universo, da vida e do humano: seu processo de ciclos, de (®)"evolução". Eterno Rêtorno – ERê se desenvolve a partir da união de três matrizes: Teorias cientificas evolucionárias e cosmológicas; da doutrina do Eterno Retorno de Nietzsche; e da persona do ERÊ - um misto de palhaço, divindade, super herói e bufão. A partir dessa conjunção a encenação narra e questiona, o processo evolucionário onde aborda, com humor, questões múltiplas como memória, vida, tempo, verdade, ordem, liberdade, discriminação, abuso de poder, violência, ecologia. - através de metáforas corporais e poesias cênicas.

*Uma pena que a apresentação é em Salvador e não aqui em Fortaleza, até porque já tive a oportunidade de prestigiar o trababalho maravilhoso de Fábio com a peça Seu Bonfim (um deleite, de um refinamento dramático e humorístico lindos!) e gostaria de ver esta também, mas enfim aos que terão a oportunidade acredito que não se arrependeram =D

sexta-feira, 21 de março de 2008

Deite comigo é um filme que permeia entre a clareza e a leveza ao mesmo tempo. O sexo se transforma em porta de entrada para o amor. Leila entrega seu corpo e seu prazer aos homens, mas o coração nunca. É com David que comeca a sentir algo que naturalmente não havia sentido antes ou algo do qual fugia e camuflava através da busca do prazer, mesmo que inconscientemente. Tudo é passado de uma forma tão natural e fluída, que não há necessidade em criticar as atitudes da personagem principal- é livre e autêntica, sem falsos pudores ou moralismos, de um despreendimento sem igual por permitir-se viver suas necessidades ou seus sentimentos -. Com uma transformação sutil, não há grandes dramas ou questionamentos. Para deleitar-se no sentido físico e sensorial.

"Ele me pediu para nunca deixá-lo. Foi uma promessa que eu não pude cumprir. Eu não sabia amá-lo."

* Interessante e belo a narração em movimentação, o distanciamento do que é dito com o que é exposto.
* Atentem-se a cena de amor e dança.
* Estou impregnada da personagem.
* Lembrei de uma música: Pérolas Aos Poucos (André Mehmari e Ná Ozzetti) que nesta combinação do pianista e da cantora é linda.
* Vontade de continuar a ler Clarice (Felicidade Clandestina).

Um mês de festa para o teatro:

´´Criado em 1961 pelo Instituto Internacional do Teatro, o Dia Mundial de Teatro é celebrado em 27 de março. Toda a comunidade teatral e instituições de arte do mundo programam festas, espetáculos e debates para homenagear esta linguagem que comove, ilumina, provoca e transgride com códigos próprios as fronteiras da arte. Aos poucos, os teatrólogos perceberam que deveriam incorporar os artistas circenses às comemorações. O palhaço atua, a bailarina encena, trapezistas, domadores, engolidores de fogo, todos usam a magia da cena teatral nas suas apresentações.``

No CDMAC:
http://www.dragaodomar.org.br/index.php?pg=especialmesteatro
No BNB:
http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/centro_cultural/eventos_mar_2008/gerados/festival_artescenicas.asp

- Pude prestigiar duas apresentações no BNB:
*Eu Ando, Tu Andas, Eles Observam... (espetáculo que mistura teatro e dança com solo da atriz/bailarina Dryca Lima. Apresenta os diversos tipos interioranos e urbanos e as diferenças perceptíveis na forma de viver a vida que reflete-se no caminhar. O público em sua maioria, assim como eu, pôde refletir um pouco a respeito da importância do andar e que no caos urbano torna-se algo automático e em geral só é dado o devido valor quando é perdido sua total ou parcial mobilidade. Ela também passa na concepção do espetáculo além das personagens, quebras através da observadora e pesquizadora assim colocando-nos a par e fazendo-nos exergar o seu processo criativo. Ao final é exposto o ´´andar`` daqueles que navegam na internet. Interessantíssimo!)
*Em Nome do Pai, da Mãe, dos Filhos e do Espírito Humano, Amém! (segunda vez que assisti este espetáculo composto por esquetes interligadas sobre o exposto da guerra. Guerra esta que se faz presente nos dias de hoje, pois vivemos num caos urbano. O caos também presente e internalizado nas personagens, com seus dramas, desejos reprimidos, submissão de suas próprias questões, ao ambiente e aos tipos opressores. Desta vez, num geral, senti o elenco mais apurado, mais enérgico, com dinamismo e fluidez. A platéia fez-se presente no riso o tempo inteiro- o que me irritou por vezes-, talvez por incômodos ou uma não percepção e sensibilidade do exposto, apesar de que drama e comédia podem viver de mãos dadas ao meu ver. Gostei mais da forma como as esquetes foram colocas no outro teatro, pois ali cazou mais com a questão do caos, da desordem. Destaques para mim nesta apresentação: esquete da mãe e do filho- apuradíssimo o entrosamento, a emoção das personagens e fiquei contente por ter visto progressos na voz do ator; esquete dos demônios/traição- eles souberam apresentar um misto de caracterizações nestes personagens num corpo e voz de criação no mínimo excêntrica, ela com fluídez e leveza num corpo em ardor; esquete dos loucos: talvez o tema mais complicado e o que apresente mais repressão, o que causa um choque e desalinhamento no emocional destes personagens, emoções a flor da pele, mistura entre drama e comédia, eu consegui chegar numa percepção para além de loucos, o que para mim é apenas uma capa; comandante na esquete dos soldados: bastante expressivo e explosivo na personagem. Senti falta das siamesas. O elenco teve liberdade na criação em todo o processo. Trabalho fantástico de Joca Andrade!)
- Precisso assistir mais da programação exposta nos dois locais: sentir, respirar, cheirar, pensar, viver teatro \o/

quinta-feira, 20 de março de 2008

Sinopse: para o público brasileiro, há um interesse especial em Tiresia, do cineasta francês Bertrand Bonello (O Pornógrafo). O personagem que dá título ao longa é um travesti brasileiro que mora em Paris. Além disso, Tiresia é interpretado(a) por um ator e uma atriz brasileiros. Luca Fazzi, autor do argumento, foi buscar na mitologia grega a história de um ser que é ao mesmo tempo homem e mulher. Uma transexual brasileira (Clara Choveaux) vive na periferia de Paris junto com seu irmão. Sua beleza acaba atraindo a atenção de Terranova (Laurent Lucas, de O Pornógrafo), que quer ter a moça só para si. Para tanto, ele a prende em seu apartamento, mas sem supri-la de seus hormônios. Tiresia começa aos poucos a voltar à sua forma masculina: a barba volta a crescer, a voz se transforma, tudo para desgosto de Terranova, que, na verdade, é um padre. Inconformado com a transformação, ele abandona o seu antigo amor num bosque, mas, antes de deixá-la, ele a cega. Tiresia é salva por uma garota que a acolhe em sua casa. O transexual (agora interpretado por Thiago Teles) passa a ter o dom da profecia. O filme debutou no festival de Cannes de 2003 e tem provocado polêmica por onde é exibido desde então. Muito se especulou sobre os intérpretes de Tiresia, se ambos eram homens ou não. E a bela Clara, em tom de brincadeira, teve de provar na coletiva do filme no festival que realmente é uma mulher.

- Assisti ontem a este filme e pensei que seria passado de uma forma totalmente diferente da qual foi: o maior exposto nele são os conflitos internos de Tiresia que ao decorrer da trama são externalizados. Do inínio ao meio mais ou menos é lento e repetitivo, mas depois há uma transformação incrível tanto na personagem quanto no enrredo em si. Temas tabus são expostos de uma forma ao meu ver, em uma linha tênue sem extremismos, algo mais para o implícito e que permeia constantemente na psicologia das personagens. Interessante seria inverter a posição de Terranova com Tiresia para quem dos dois pode ser realmente visto como algo ´´abominável`` ou ´´doentio`` socialmente? O filme em si não é de adorar-se, pois trata-se de um drama penoso, com temas que a alguns podem chocar e incomodar.
* Linda a música que a atriz brasileira canta no início e em alguns momentos do filme, achei mais bonito ela falando em francês.
* A atuação do ator brasileiro foi a de que mais gostei.
* Terranova (o padre) ´´dita`` frazes-poemas lindos.
* Rs, uma perfeição os corpos dos travestis no início do filme.
* Constraste entre fundo musical e algumas cenas como na do vulcão e uma música mais para o clássico, acho.
* Acho que é isso, deixo aberto a vocês!