terça-feira, 1 de abril de 2008

"Eu adivinho coisas que não têm nome e que tal­vez nunca terão. É. Eu sinto o que me será sempre inacessível. É. Mas eu sei tudo. Tudo o que sei sem propriamente saber não tem sinônimo no mundo da fala mas me enriquece e me justifica. Embora a palavra eu a perdi porque tentei falá-la. E saber-tudo-sem saber é um perpétuo esquecimento que vem e vai como as ondas do mar que avançam e recuam na areia da praia. Civilizar minha vida é expulsar-me de mim. Ci­vilizar minha existência a mais profunda seria tentar expulsar a minha natureza e a supernatureza. Tudo isso no entanto não fala de meu possível significado. O que me mata é o cotidiano. Eu queria só ex­ceções. Estou perdida: eu não tenho hábitos."
(Um Sopro de Vida - Clarice Lispector)


*Dedico o post de hoje a ela, porque eu bem devo estar num momento ''Clariciano''...eu sinto que ela me entende apesar de eu ainda não a sentir exatamente: lendo Felicidade Clandestina, as crônicas ou contos passam e não passam a mim, chegam e não chegam...é algo que eu ainda não sei explicar e nem sei ao certo se já gosto de sua escrita, mas interessa-me além de achar fantástica!

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