terça-feira, 24 de junho de 2008

O Casamento: filme baseado na obra de Nelson e que rodriguianísse ein? (e esse termo?! rs). É muito latente e forte as construções das personagens (uma aula de interpretação), os tipos obssesivos, doentes e doentios, e tudo o mais caótico que se têm direito deste autor. Têm muito de um confuso ali, umas cenas que pareciam uma viajem ao subsconciente daqueles personagens (atentem a cena do velho na cadeira de rodas envolto e depois ''jogado'' para o seu filho pelos ''amantes'') que não me chocam tanto, apesar de ser forte. O teor sexual e necrófilo bastante marcados. Têm uns momentos e umas músicas (a maioria ou todas clássicas por sinal, contrastando com as imagens) que me lembrava ao Laranja Mecânica, do Kubrick. Outras que eram bem fixadas no corpo dos atores, em ângulos diferentes (as duas que me são mais presentes é quando a menina faz uma movimentação de perna aberta numa poltrona e a outra que ela de costas despe-se ao falar de sua ''virgindade'' ao doutor). Como a questão familiar é forte, é revista pelas emoções das personagens como um ambiente que não as faz bem, que as perturbam, que as maltratam, que as reprime mas imbuídas de uma forma discreta, indireta mesmo mais percebida também, acredito.

Bogus, meu amigo secreto: esse filme não é de um dos meus gêneros prediletos, diria até bestinha (ou é preconceito meu mesmo) só que eu gostei dele pela menssagem, além do quê chorei: como a criança é verdadeira em sua fantasia, o que chega a amolecer o coração do adulto que na sua infância não conseguiu dar vida a sua imaginação e que em muitos momentos precisaria de um amiguinho imaginário...aliás, quem não teve que atire a primeira pedra (eu já tive e a minha se chamava jamile e quem sabe ela não possa vir fazer uma visitinha a mim? rs). ''Os fatos das vida obrigam e exigem uma certa fortaleza de nós, mas que não percamos a ternura e não atropelemos o tempo''. Têm umas cenas muito exageradas, umas coisas meio de filme americano, pelo menos é o que lembrou. O Haley Joel Osment (aquele do Sexto Sentido) tá muito fofinho e ele tá bem, mais bem novinho mesmo, O Gerard Depardieu (O Homem Da Máscara De Ferro) muito legal ter feito este papel que no filme já está digamos um quase senhor e que sei lá na minha cabeça em geral um amiguinho imaginário é mais novo, mas que poderia até remeter a uma figura paterna e a Whoopi Goldberg têm uma presença forte e uma construção de personagem firme, mesmo me remetendo a outros papéis que lembro dos quais ela desenvolveu.

sábado, 21 de junho de 2008

As bondosas: um exagero tão bom de se rever...o local que eu estava limitava muito de ver as expressões dos atores, mais do que já tinha visto e pelas também construções claras e diferenciadas das personagens fica muito marcante. Aquele triozinho de rezadeiras parecia a reunião das frustradas rs...cada uma com mais neura que a outra e uma vontade de libertação tão grande, de sair daquela repressão horrenda...um amigo comentou: até que ponto a cultura nos faz mal? Sim, porque toda aquela cultura revista nas tradições religiosas interioranas provavelmente podava-as ao extremo. Eu adoro a personagem que é mais revoltada, a que fala da mulher de vermelho e têm desejos por ela...é que é tão viva, tão esfusiante, chega até a ser revolucionária...aquela risada...e as outras têm uma graduação variável de exposição que desperta uma curiosidade e surpreende. Essa coisa do desejo reprimido trabalhado para uma comicidade é bem interessante porque de certa forma chega de uma forma mais leve, mas não menos suscinta a reflexões. Quantas daquelas mulheres existem na vida real? E não só as com cultura e tradição religiosas mais marcantes. Adorei a parte do orgasmo e a perninha dela levantada e aberta rs, só que em alguns momentos não conseguia entender algumas das coisas que eram faladas e não lembro se especificamente de um ator, mas acho que o que tinha a voz menos ''escutada'' era o que estava com a roupa sex por baixo, mas que também variava na forma de falar de um jeito bem trabalhado e interessante. Para mim a mulher que entra com os copinhos é dispensável, pois a reza ''disfarçada'' e depois os cochichos poderiam ser passados acredito, apenas com aquele jogo das 3 personagens. Outra coisa bastante interessante foi a ligação forte que houve com o público: risadas, comentários e palmas expontâneas durante todo o espetáculo...o envolvimento latente de personagem e platéia. Vou rever novamente!
O Cantil: para mim foi uma aula de expressão ''mecânica'' corporal e sobre Brecht, até por conta do debate que houve depois.
Mecânica eu falo num sentido positivo, pois apesar da dificuldade que eles próprios disseram que tiveram com certos movimentos é bastante preciso e coordenado. E são bonecos que têm vida...eu assim como uma pessoa da platéia também fiquei pensando na tensão que era em estar sendo manipulado, de ter de limitar o psicológico para que ele não avance antes do movimento ensaiado.
Falaram também que de início os bonecos pareciam ser de um mesmo patamar social, até mesmo pelas roupas e que os atores de preto seriam os patrões e o processo ''lento'' até perceber a relação manipuladores-manipulados...também me foi passado dessa forma mas uma coisa é que para mim é como se os de branco fossem uma extensão dos de preto, pois a energia de um casava com a de outro e eu não sei se foi intencional mas a expressão em alguns momentos dos de preto era forte, tanto que no momento que o de branco subalterno cai, a menina de preto quando solta ele susurra um som e sua expressão facial é ainda mais forte...não caberia nos de preto uma expressão neutra já que são manipuladores?
Acho que é muito bacana a evolução da narrativa corporal-fotográfica e que dizia muito: as intenções, as emoções dos bonecos querendo ser escondidas no corpo mais ao mesmo tempo sendo mostradas...mas têm alguma coisa ali que parece que eu não consegui captar, algo no ar...eu sai reflexiva e fria e não consigo chegar a nenhum lugar da minha cabeça.
A trilha sonora ficou muito bem encaixada com tudo aquilo e o cenário do céu, muito lindo...mas aquele sonho numas imagens mais ''psicodélicas'' é uma forma interessante mas que para mim vendo o de branco-patrão se mechendo na barraquinha poderia ter sido passado somente nele mesmo e talvez numa movimentação do outro também.
Eu ficava querendo saber todo tempo qual o próximo movimento qual o próximo movimento...não têm como não prender a atenção.
Realmente ficou muito explorado e no corpo mesmo uma coisa mais oriental e lenta e se houvesse um pouco mais de ocidental ali, ao menos em alguns momentos? E se houvesse uma revolta do empregado e ele que matasse o patrão? Talvez uma desconstrução maior do texto.

sábado, 14 de junho de 2008

Edisca-Duas Estações: é tão pobre tentar falar ou escrever sobre o trabalho deles pois é riquíssimo. É uma mistura de lúdico com precisão de técnica corporal e as temáticas sempre tocantes ao meu ver. Eu sinto um encanto e uns arrepios, dá vontade de dançar. Mistura de tanta coisa ali e o trabalho em conjunto cincronizadíssimo. É como se houvesse um foque e um desfoque ao mesmo tempo. É, essa coisa das duas estações presentes nos momentos felizes e mais tristes dali, o nordeste em foco numa mistura rupreste-animalesca. Nem têm muito o que redigir e sim perceber...

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Meire Love- Uma Tragédia Lúdica: que está em cartaz as terças deste mês no Dragão Do Mar.
Não esperava e adorei já logo entrar e escutar um pancadão da Tati Quebra Barraco, o que já concerteza poderia remeter a um pouco do universo da história, delicado por sinal. Tudo gira em torno de Meire Love, são 3 meninas de rua que ao meu ver personificam-se nesta única Meire, sendo então a Meire-Love a representação das meninas de rua. É uma mistura de texto lírico com escrachado, eu fui rindo rindo e rindo mas com o passar eu pude me deter um pouco mais de que ali se tratava de uma realidade muita brusca, muita cruel e nua. A exploração da qual passavam e ao que submetiam-se. A realidade social transformando meninas em mulheres antes do tempo, porque elas ainda eram crianças e estavam perdendo a sua inocência. Adorei os saquinhos - cada pegar, soprar e jogar tinha uma intenção e ao final com o papocar deles me veio algo como de estar matando as intenções da Meire ou Meirizinhas. Os 3 atores sentados o tempo inteiro nas cadeiras e mesmo assim com bastante expressividade ao contarem e representarem as situações vivenciadas por elas, acho que ficou até mais interessante, a forma pareceu-me algo de narração com flashes backs. No figurino, apenas um top escondido à mostra nas roupas de homem remetia as meninas e era só o que bastava mesmo. Eu fiquei um pouco incomodada acho que no momento que umas batiam em uma e zombavam com ela e arrepiei-me um pouco ao final que uma cantava e as outras falavam uma fraze repetida. Para mim quem roubou a cena foi (desculpe a citação, mas não sei o nome dele) sem ser Yuri e Rogério. A dramaticidade e expressividade dele ao menos nesta personagem que vi é linda. No momento que ele sendo a menina fala ''olha, o sol...'' aí foi muito lindo, esse pequeno momento para mim me remeteu a um sofrimento com uma docura e desespero por um simples sol, talvez pelo ser feliz. É que parecia que tudo na interpretação dele pulsava e pulava e tinha muito de poesia nela. Eu gostei dos momentos que Rogério falava e aquela risadinha da menina ao mesmo tempo que agradou me desagradou, mas não sai da cabeça rs. Yuri eu não sei o que foi, mas em alguns momentos é como se faltasse mais expressividade ou talvez a personagem era daquela forma mesmo, o legal foi o escrachado do escrachado numa menina meio que revoltada. Meire Love pode trazer tantas reflexões. A peça é um ''soco'' na sociedade mas realmente passada de uma forma lúdica. E gosto muito do trabalho deste grupo, do Bagaceira. Apenas tive a oportunidade de ver 3 dos espetáculos do repertório deles, mas eu sempre me surpreendo pois é muito versátil, original e criativo, ousado também e para quê melhor representação de teatro do que essa? São trabalhos assim que me inspiram!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

SEXA: espetáculo de dança do qual tive a oportunidade de assistir hoje e que estará em cartaz aos finais de semana no TJA.
Achei provocador, me veio perguntas de ''o que eu estou fazendo com o meu corpo?'' Sim porque, aborda o universo feminino neste sentido de sempre estarmos a procura do corpo perfeito, que você busca busca busca e isto para quê?
Uma auto-perversão consigo mesma...como se nos sugeitássemos a buscarmos nos enquadrar no padrão imposto e para uma grande e bela ilusão, na verdade feia e horrenda porque toca justamente na violência subjetiva.
''Fulana, tantos anos, sem estrias, quaze não têm celulite, bunda grande, peito pequeno...corpo que está no padrão...e que está a venda'' e isto a menina da qual não estava falando amarrava os panos em seu rosto, pois esta definição do que é aceito é uma prisão sim, é um sufocamento para quem vive.
Somos um pedaço de carne para sermos vendidas?!
Além do quê a relação de inveja, despeito, apontar e se comparar a sua amiga...quem é mais bela, quem está mais assim ou assado?!
Aí que merda essas coisas da sociedade, cansei cansei cansei...
Para um amigo serviu como protesto, para mim como forma de reflexão e exergar até que ponto estamos nos sujeitando a tantos padrões idiotas e que sempre nos traz insatisfação.
Sejamos livres na nossa essência, com nossos sentimentos, nos achando belos e plenos da forma como quizermos e que se queiramos mudança, seja estética ou interior que ocorra de uma forma sadia e sem tantas neuroses.