quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Curral Grande: Espetáculo de conclusão do Curso de Arte Dramática da UFC. Baseado no texto homônico de Marcos Barbosa. Direção: João Andrade Joca. Nos anos 30 do século 20, o Ceará instala campos de concentração de retirantes (migrantes da seca), conhecidos como currais do governo. Todas as sextas de outubro às 19h na Sala de Teatro/Cena (anexo TJA)R$ 1(estudante) e r$ 2.
A respeito do espetáculo nas palavras de João Andrade Joca:
Arte[in]Divulgação: Pensando na função social que o artista pode desenvolver e promover algum tipo de mudança interior ou exterior no público, apresentar-lhes uma forma de conhecer a sua história se faz necessário, em que a temática exposta no espetáculo me fez ter vontade de estudar mais sobre a história do meu lugar. Como se eu tomasse mais conhecimento ou uma reflexão do meu papel como cidadã cearense. No caso, essa escolha se deu por qual ou quais motivos? Que tipo de reflexão (ões) ou cultucamento (os) gostariam de promover na platéia visto um tema tão próximo a nós mais ao mesmo tempo distante?
João Andrade Joca: O PROFESSOR DE HISTÓRIA DO TEATRO, DO CAD, RICARDO GUILHERME, SUGERIU A LEITURA DE UM LIVRO DO ESCRITOR CEARENSE LIRA NETO, "O PODER E A PESTE" QUE TEM COMO PERSONAGEM CENTRAL RODOLFO TEÓFILO. A PARTIR DESSA LEITURA VIMOS A POSSIBILIDADE DE CRIAR UM ESPETÁCULO COM A TEMÁTICA DOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO, SABÍAMOS TAMBÉM DA EXISTENCIA DO TEXTO DO MARCOS BARBOSA, EU MESMO JÁ HAVIA LIDO COM OS ALUNOS DO CEFET. ENTÃO DECIDIMOS QUE SERIA UMA ESCOLHA ´PRÁTICA E FAVORÁVEL ESCOLHER O TEXTO CURRAL GRANDE POR CONTEMPLAR NOSSO, DIGO ALUNOS E PROFESSORES, DESEJO DE MONTAR ALGO QUE FOSSE REVELADOR, PROVOCANTE, QUESTIONADOR E HISTÓRICO. POR SE TRATAR DE UMA TURMA DE CURSO DE TEATRO, PODERÍAMOS INVESTIGAR ESTRUTURAS ESTÉTICAS QUE, MESMO FALANDO DE ALGO ACONTECIDO NO PASSADO, PODESSE SER PROJETADO PARA O PRESENTE E FUTURO, DAÍ A OPÇÃO PELA CONCEPÇÃO EM QUE O ATOR É O PRINCIPAL AGENTE DA AÇAO.
Arte[in]Divulgação: Como percebe a problemática dos campos de concentração que houveram aqui no Ceará antes mesmo dos que houveram fora do país?
João Andrade Joca:POIS É, ISSO ACONTECEU DEVIDO A FALTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS PARA OS POBRES. AS CLASSES DOMINANTES SEMPRE PRIVILEGIAM SEUS PROJETOS DEIXANDO A MERCE DA SORTE A POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA. EXPLORAM A MÃO DE OBRA DOS MISERÁVEIS E OS EXCLUEM QUANDO NÃO SÃO PRODUTIVOS NEM CONSUMIDORES.
Arte[in]Divulgação: Tendo observado uma construção bastante coletiva no espetáculo, como se deu o desenvolvimento da temática exposta dentro da concepção cênica escolhida?
João Andrade Joca: MUITO EXERCICIO DE CRIAÇÃO, DEBATES, EXPERIMENTOS, LEITURAS, PALESTRAS E COMO JÁ DISSE, O INTERESSE EM PROVOCAR NO ESPECTADOR O ESTRANHAMENTO DIANTE DA TEMÁTICA E DA CONCEPÇÃO QUE TENTA INVESTIGAR O ÉPICO, COM A PRESENÇA DO CORO E A NARRATIVA DA CENA SEM A 'QUARTA PAREDE'.
Arte[in]Divulgação: Pensando-se nesta concepção, é perceptível um diálogo fluente de uma quebra entre as cenas, em que é mostrada uma estética voltada ao expressionismo e uma outra que volta-se ao minimalismo, ao interno e foge do expressionismo como potência estética. Qual a intenção com essa variedade provocativa visual ao espectador? Foi algo pensado de forma natural e estrutural no sentindo de um visual que não ficasse totalmente carregado e pesado?
João Andrade Joca: É ISSO, NÃO OPTAMOS POR UMA SÓ ESTÉTICA, TENTAMOS NOS APROPRIAR DO QUE CONHECEMOS COM O DESEJO DE QUE OS ESPECTADORES, A PARTIR DE SUAS VIVENCIAS, FAÇAM SUA PRÓPRIA LEITURA, DECODIFICANDO E NOMINADO DE ACORDO COM SUA CAPACIDADE DE DECIFRAR OS ELEMENTOS DA ENCENAÇÃO. TUDO É PROCESSO. CLARO QUE TÍNHAMOS COMO OBJETIVO CONSTRUIR ALGO QUE CONTEMPLASSE NOSSOS GOSTOS ESTÉTICOS. NA MEDIDA QUE IAMOS EXPERIMENTENDO FORMAS, IAMOS TAMBÉM CONCEITUANDO E REDEFININDO NOSSOS OBJETIVOS.
Arte[in]Divulgação: Por fim, o diálogo com o conceito de Tragédia e com os princípios estéticos do Teatro Épico apresentados de forma contemporânea, mostra uma utilização manual, usual e visual do ator como um todo no espetáculo e nos faz referência a este como motor-base da estrutura no trabalho, que se apóia e prima por uma composição gestual corporal chegando à construção de uma estética teatral com despojamento cênico surpreendente. Essa forma de utilização e de realização do repertório do ator como instrumento-base propõe uma intenção de confrontar o ilusório-real que o teatro promove com o fingimento dos atores, no sentido de mostrar ao público que algo ali é para ser refletido e não tanto catártico em que necessariamente há a quebra da quarta parede?
João Andrade Joca: SIM. O QUE VOCÊ AFIRMA FOI ALGO PRETENDIDO, FOI ESCOLHA NOSSA, SUA PERCEPÇÃO ESCRITA AQUI EXPOSTA, RELEVA O QUE JÁ DISSE, CADA ESPECTADOR FAZ A LEITURA DO ESPETÁCULO DE ACORDO COM SUA CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO E CONHECIMENTO DO TEATRO.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

OUTUBRO:

(O Grito-Edward Munch)

"Querido,
Tenho certeza de estar ficando louca novamente. Sinto que não conseguiremos passar por novos tempos difíceis. E não quero revivê-los. Começo a escutar vozes e não consigo me concentrar. Portanto, estou fazendo o que me parece ser o melhor a se fazer. Você me deu muitas possibilidades de ser feliz. Você esteve presente como nenhum outro. Não creio que duas pessoas possam ser felizes convivendo com esta doença terrível. Não posso mais lutar. Sei que estarei tirando um peso de suas costas, pois, sem mim, você poderá trabalhar. E você vai, eu sei. Você vê, não consigo sequer escrever. Nem ler. Enfim, o que quero dizer é que depositei em você toda minha felicidade. Você sempre foi paciente comigo e incrivelmente bom. Eu queria dizer isto - todos sabem. Se alguém pudesse me salvar, este alguém seria você. Tudo se foi para mim mas o que ficará é a certeza da sua bondade. Não posso atrapalhar sua vida. Não mais.
Não acredito que duas pessoas poderiam ter sido tão felizes quanto nós fomos.''
(Carta de suicídio de Viginia Woolf à Leonard Woolf)

*Revi AS HORAS. Sem muita cabeça para redigir sobre. Só que a gente pode ser remetido um pouquinho ao universo de Virginia...sombrio, denso. Quero ler algo dela. Ou ''algos''.
Não é um filme que eu tenha amado, mas acho ele curioso. A forma de construção das ligações de uma história com a outra. Ele me instiga ou me intriga e ao mesmo tempo me paralisa...é, acho que fico meio estática, meio sem saber o que pensar com ele. Sem muito sentir também.
*Assistam ou revejam O CANTIL E CURRAL GRANDE, espetáculos que voltam este mês em cartaz. Maiores informações nos links do Dragão do Mar e José De Alencar, aí do lado.
E a foto me alude ao CURRAL...expressionismo. Dentro e Fora...
De alguma forma esses dois espetáculos me remetem a um universo distante, que me paralisa mas não me cega diante da beleza exposta.