segunda-feira, 31 de março de 2008

Ontem eu tive novamente o deleite em assistir EM PASSANT: na verdade para quem se envolve assim tanto quanto eu me envolvi com esta peça (e alguém não se envolveu ou sentiu algo? as pessoas que sim devem estar é acanhadas em dizer pois em geral houve um envolvimento dos espectadores-um dos objetivos deste projeto acredito eu, de fazer com que a platéia sinta-se parte deste universo, eu no caso me senti um todo, mas enfim...) é complicado de deleitar-se por que a peça te traz inúmeras sensações e pode ser perigoso ver-se transposto naquilo. Nesta segunda vez que assisti senti de uma forma diferente: mais reflexões e menos catarzes, porém um ''adeus'' pairou em mim sob vários momentos...estranhamento.Noto no texto muito de fragmentos, de ''não-acabados'' mas com frazes como ''só fale se for para melhorar o silêncio'' que podem te acabar ou te abalar, sendo um tiro certeiro na consciência e emoção da platéia. Texto que sim, é completado por nós, mesmo que guardando para si...ELE, ELA, O VAZIO... os personagens que opostamente um ao outro completam-se na sua dor, no seu existencialismo?! Essa sensação de morbidez e vazio que pode ter unido-os naquela praça, naquele tempo...de passagem, porém profunda.O escritor, os atores, o diretor...as cenas, os figuros, as personagens, a luz...tudo é primoroso e lapidado, covarde e corajoso ao mesmo tempo: como algo tão efêmero pode ser de tanta qualidade e chegando a nós de uma forma tão...para mim de uma forma a desvendar o meu eu e com o poder de algumas transformações. Só que desta vez está tudo remexido aqui, tudo ao avesso...e eu não pedi para ser mostrada e descoberta ali, hoje eu não quero agradecer...
*A peça voltará em cartaz ao final de abril!

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