sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Da paixão sobre borboletas : ''din gon gin gon gon gon gon...'' Primeiro que essa música linda não me sai da cabeça e segundo que a entrega à personagem, a transmutação de ator-narrador para ''cria'' e a carga emotiva do qual Murilo Ramos demonstra ter desenvolvido é belíssimo. O que mais me agradou não foi nem a história em si, mas a personagem: porque o drama vivido ali já é um tanto comum ou natural em relações, mas o interno expelido para fora é o que mais me chamou a atenção. Dentro daquele espaço ''fitiado'' não me pareceu um lugar, mesmo que pudesse remeter a hospício, ou apartamento e sim ao íntimo da personagem, como se houvesse uma escavação ali, e tudo tão passional, tão fogo, tão calor...essa sensação foi a que eu senti bastante: a de ser aquecida, mesmo que pelo drama ali e muitas das vezes a agonia, os gritos dele me incomodavam. A relação com as borboletas (puxado para um poético ali, ri de tão bonito de se ver) era tão plácida, tão volátil, tão meiga, tão afagadora e tive vontade de afagar aquele ser ali, quando se senta no chão e fica viajando, e começa a buscar em si as borboletas, suas únicas companheiras? Uma forma de diminuir o vazio, a solidão? Saí leve...penso que tive uma catarse mesmo que não a expressando externamente, mas no meu interno foi como se houvesse sido lavado dentro de mim agonias aparentes ou parecidas e trasformadas naquele palco ali. Que bela loucura...loucura? Loucura do quê meu bem, de amar com todas as forças que chega até a rasgar o peito de tanto não aguentar a falta do outro? Ah, vá para puta que pariu seu André! Adorei o jogo de palavras soltas e diretas no final e será que uma luz vermelha no início das entradas, chegadas e movimentações corporais do personagem dentro da fita ficaria interessante? Independente de qualquer luz, o vermelho é presente ali...seja de paixão, seja de morte.

Nenhum comentário: