segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Os Olhos De Bette Davis: nunca havia ouvido falar sobre ela, sobre sua história. Tive a surpresa não esperada de ver enfocado ali não uma biografia desta mulher, mas sim um laço desestruturado e importante com o filho, também temperamental e artista diga-se de passagem. Claro, os olhos dela que veêm de certa forma, assim ou assado...não, a forma dele sentir, dele perceber tudo, dele viver naquele instante fatídico um repensar e renovar-se de sentimentos perante a vida, a sua mãe. E isso faz a gente ao menos pensar um pouco também...algumas das frazes ali nas discussões soaram-me familiar (risadas). O que mais me chamou a atenção foi o texto saboreado, ao menos pelo filho...as nuances, as intenções...aquele jeito que me lembrou Cazuza, um meninão de idade sei lá das quantas, o humor negro ou ácido mesmo que refinado...apesar de a construção a respeito de sua homossexualidade ter me parecido um tanto caricatural e até mesmo porque na transição de quando a doença o corrói, descontroi bruscamente aquilo dali...opostos bem estruturados sim, mas e o meio termo? Ou vai ver nem precise. Precisa? Já é a segunda vez que eu vejo a atriz que fez Bette atuar e novamente gostei. Percebi uma Bette ali ou uma mulher forte, a frente de seu tempo. Gostaria de ter visto mais exploração quanto aos planos e penso que a relação das irmãs, na mágoa do passado poderia ter sido mais evidenciada, nessa relação de competitividade, está muito apazigado e mesmo depois de anos de fatos ocorridos, naquele momento é o ápice de tudo ou não? Até o momento da última entrada de Lúcio Leonn, o ritmo e energia estão maravilhosos, mas depois fica linear até o momento da morte do doente, que aí sim, revive-se a emoção. Falando de Lúcio, achei o mais lúdico, o mais belo suas entradas, sua construção de personagem, personagem que horas me remetia a talvez o próprio doente mais jovial, ou seja, o seu espírito interior de artista que vêm a sua ajuda, mas que depois percebi ser Téo, não é? Mas o interessante são as possibilidades. Na sua dança, para mim poderia ter tido um pouco menos de pulos e mais movimentações suavizadas...mas as pequenas (no sentido de repentinas aos momentos) possibilidades que ele construiu foram interessantes e passava o poético daquele encontro...que me fez soltar lágrima quando ele acompanha o doente tentando dançar, tentando não fazer com que a arte morra nele e ela não morre não. Drama que bateu leve...

Nenhum comentário: