domingo, 17 de agosto de 2008
Eu roxo: vermelho, rosa, amarelo, azul...vários eu´s de cores, de uma cor só ou de muitas? Acho que nenhuma cor cabe ali, porque mesmo com os corpos dançando dos meninos, o que vi ali me remete a evaporação ou a algo o mais distante possível de materialização de um ser...talvez pelo ambiente (a calçada, o sol, a chuva como presente e as bolinhas de sabão ou talvez nem seja por nada de nada). Essa intitulação ao espetáculo intimista e subjetivista, sendo dois bailarinos num mesmo espaço pode acentuar as diferenças, o distanciamento, o ''dois bicudos não se beijam'' ou de ali existir uma mesma energia, como se os dois fossem um só. Fica meio desapercebido ainda o que realmente é aquilo ali, que intenções estão presentes, é meio longe, meio para se olhar e ir num ritmo meio como que ao sabor do vento ou ao acompanhamento das bolinhas, o que torna poético e suave o olhar-se...observação de corpos em movimento desapegados de algum conceito entendível ou como diria Lispector: '' - não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não, quero uma verdade inventada. "
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Da paixão sobre borboletas : ''din gon gin gon gon gon gon...'' Primeiro que essa música linda não me sai da cabeça e segundo que a entrega à personagem, a transmutação de ator-narrador para ''cria'' e a carga emotiva do qual Murilo Ramos demonstra ter desenvolvido é belíssimo. O que mais me agradou não foi nem a história em si, mas a personagem: porque o drama vivido ali já é um tanto comum ou natural em relações, mas o interno expelido para fora é o que mais me chamou a atenção. Dentro daquele espaço ''fitiado'' não me pareceu um lugar, mesmo que pudesse remeter a hospício, ou apartamento e sim ao íntimo da personagem, como se houvesse uma escavação ali, e tudo tão passional, tão fogo, tão calor...essa sensação foi a que eu senti bastante: a de ser aquecida, mesmo que pelo drama ali e muitas das vezes a agonia, os gritos dele me incomodavam. A relação com as borboletas (puxado para um poético ali, ri de tão bonito de se ver) era tão plácida, tão volátil, tão meiga, tão afagadora e tive vontade de afagar aquele ser ali, quando se senta no chão e fica viajando, e começa a buscar em si as borboletas, suas únicas companheiras? Uma forma de diminuir o vazio, a solidão? Saí leve...penso que tive uma catarse mesmo que não a expressando externamente, mas no meu interno foi como se houvesse sido lavado dentro de mim agonias aparentes ou parecidas e trasformadas naquele palco ali. Que bela loucura...loucura? Loucura do quê meu bem, de amar com todas as forças que chega até a rasgar o peito de tanto não aguentar a falta do outro? Ah, vá para puta que pariu seu André! Adorei o jogo de palavras soltas e diretas no final e será que uma luz vermelha no início das entradas, chegadas e movimentações corporais do personagem dentro da fita ficaria interessante? Independente de qualquer luz, o vermelho é presente ali...seja de paixão, seja de morte.
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Umbandangandãns: meu deus, que imensidão de poesia, vivacidade e roupante de um vermelho aqui dentro do peito! O solo de Paulo é lindo e vasto, intrínseco ao universo da paixão, da ''manifestação afro'', do rebuscado do rebuscado do rebuscado do que quer gritar-se e não mais ter apunhalado, acovardado em si emoções tão fortes e com um texto subliminar, pessoal, do âmago. A musiquinha inicial eu já adorei, mas me irritou pessoas do lado rindo. A movimentação corporal dele depois da musiquinha inicial é tão marcante: algo teso, des/construção, animalesco, grotesco...parecia que havia fios puxando as partes movimentadas. Que voz suave e forte. Inquietei-me quando já com a saia ele vai andando em círculo. Quando a entidade vêm a tona fiquei pensando de que a mulher deveria estar mais clara na voz e no corpo, mas me veio de que é uma mistura do masculino com o feminino. Um amigo comentou de que a saia seria uma metáfora da representação da mulher que ele perde? Ah, quando há a música e ele fala as falas da música num tom contrário a forma cantada...agressivo, desgastado, e olha com aquele olhar forte, preciso, seguro e carregado de emoção abafada e para mim...sim, pode não ter sido a intenção de ser para mim mas para mim como espectadora foi sim...e eu que já derramava lágrimas, chorei mais...um choro de nem sei o quê direito...mas a verdade dele me tocou. Tinha horas que eu queria ter estado no palco...o desabafo me chamava, me seduzia, dizia para mim tanta coisa...que eu ainda quero viver tanto e até um certo ponto mais suave da forma como ele falava do amor, porque o rompimento não é logo denunciado de cara e me chamava para: ''vai viver menina, vai viver os teus amores''. Tão bom sentir novamente a sensação de ser mechida e tocada pela arte...água!
''Quem não quiser sofrer só me ame não me traia.''
''(sonde o seu si mesmo e se diga: o Eu é sempre recomeço. por isso estamos sempre findando e refundando a vida...)''
''Quem não quiser sofrer só me ame não me traia.''
''(sonde o seu si mesmo e se diga: o Eu é sempre recomeço. por isso estamos sempre findando e refundando a vida...)''
Assinar:
Postagens (Atom)